sábado, 5 de abril de 2014

Governo federal abre consulta pública sobre o futuro da internet

Iniciativa é da Secretaria-Geral da Presidência da República (SG-PR) é sociedade pode opinar até 17/04
 

Uma consulta pública para saber o que a sociedade considera importante para o futuro da internet no Brasil e no mundo está aberta aos brasileiros até o dia 17 de abril.  A iniciativa da Secretaria-Geral da Presidência da República (SG-PR) foi lançada na quinta-feira (20), durante a realização de um bate-papo virtual (hangout) sobre o tema.

O secretário de Política de Informática do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Virgilio Almeida, participou do encontro, que ocorreu no Anexo do Palácio do Planalto e reuniu blogueiros, jornalistas, especialistas em internet, músicos e representantes do governo brasileiro.

As questões escolhidas durante a consulta pública farão parte de uma carta proposta que será entregue aos coordenadores e participantes da conferência NETmundial, que acontece em São Paulo, nos dias 23 e 24 de abril. 

Os autores das 15 propostas mais votadas poderão participar diretamente da NETmundial e discutir suas sugestões com especialistas internacionais. Para o diretor de Participação Social da SG-PR, Pedro Pontual, é fundamental ouvir o que as pessoas esperam da governança da internet.

“Nós sabemos que são interesses diversos que se expressam em uma conferência como essa e, nesse sentido, é fundamental que tanto a sociedade brasileira como a sociedade civil no plano internacional se mobilizem para pautar os temas que serão iniciados com essa consulta”, ressalta.

O resultado da consulta pública será divulgado durante a Arena NETmundial, atividade aberta ao público que ocorrerá em paralelo a conferência, no Centro Cultural São Paulo, entre 22 e 24 de abril.

Arena NETmundial

No espaço haverá mesas livres de debates entre representantes do governo brasileiro e a sociedade civil, atividades culturais, mobilização e comunicação digital. Toda a programação será transmitida pela internet.

Para o secretário do MCTI, a internet deve ser vista como um espaço público, assim como as ruas e as praças. “A evolução da internet se deve à contribuição da sociedade, com o desenvolvimento, por exemplo, do software livre e a colocação de conteúdos e desenvolvimento tecnológico”, pondera Virgilio.

 “É uma construção coletiva, que envolve governos, setor privado, sociedade civil, organizações não governamentais [ONGs] e o setor acadêmico, e todos esses setores devem estar representados nessa conferência”.

*Com informações da Agência MCTI

Entrevista com Jacques Le Goff, morto aos 90 anos

      


Nesta entrevista inédita, concedida ao GLOBO há duas semanas, o historiador francês Jacques Le Goff, morto na terça-feira, repassa sua obra, que desmonta lugares comuns a respeito da Idade Média. Com dois livros recém-lançados no Brasil sobre os protagonistas e a economia da era medieval, ele sugere que as origens do capitalismo na Europa da época ajudam a entender a crise do mercado e da democracia no mundo atual


Por Guilherme Freitas
A Idade Média de Jacques Le Goff não é o período de trevas e decadência enraizado no senso comum ocidental. Com cinco dezenas de livros publicados sobre religião, economia, política, artes, lendas, costumes e outros aspectos das sociedades europeias da época, o historiador francês, que morreu na terça-feira, aos 90 anos, afirmou-se como um dos mais reconhecidos medievalistas de nosso tempo. Em mais de seis décadas de carreira, ele se esforçou para destacar os traços criativos e dinâmicos de uma era que, como sempre disse, tem mais ligações com o presente do que se costuma acreditar.

Popular no Brasil, onde parte significativa de sua obra já foi traduzida, Le Goff teve mais dois títulos lançados no país este ano: “Homens e mulheres da Idade Média” (Estação Liberdade, tradução de Licia Adan Bonatti) e “A Idade Média e o dinheiro” (Civilização Brasileira, tradução de Marco de Castro). Em meados de março, o historiador concedeu entrevista ao GLOBO, por e-mail, sobre estes livros, que sintetizam vertentes importantes de sua obra.

“Homens e mulheres da Idade Média” é um volume coletivo, coordenado por Le Goff para a editora francesa Flammarion, com textos de 43 autores sobre figuras de relevo daquele período. Papas, santos, reis e teólogos foram “os grandes personagens” do mundo medieval, escreve o historiador, mas o livro abre espaço também para artistas, que deixam de ser vistos como artesãos anônimos e passam a ser reconhecidos como “autores”, e para o imaginário da época, relacionando mitos pagãos e religiosos, como o rei Arthur, o mago Merlin e Satã.

Já em “A Idade Média e o dinheiro”, Le Goff dá sequência a uma linha de pesquisas que vem desde seu primeiro trabalho, “Mercadores e banqueiros na Idade Média” (1956). O novo livro mostra o surgimento do capitalismo nas cidades medievais, onde o mercado em expansão entrou em atrito com a condenação da usura pela Igreja. O historiador contrasta a busca crescente de Estados e indivíduos por lucro com ícones religiosos da época, como a imagem, recorrente em narrativas e pinturas, de um homem que chega ao Inferno com um saco de dinheiro.

Le Goff foi um dos herdeiros da escola dos “Annales”, que na primeira metade do século XX revolucionou a historiografia deslocando seu foco para as ideias e os processos sociais. Nos anos 1970, foi um dos líderes do movimento conhecido como “Nova História”, que lançava mão de análises abrangentes para traçar a “história das mentalidades”. Em clássicos como “A civilização do Ocidente medieval” (1964) e “Para uma outra Idade Média” (1977), Le Goff buscou iluminar as particularidades daquele período, mas também ressaltar como as transformações ocorridas naquele tempo reverberam até hoje:

— A História é uma sequência de continuidades e mutações. E, raramente, de rupturas — disse Le Goff ao GLOBO.
Em “Homens e mulheres da Idade Média”, o senhor afirma que aquele foi um período “criativo e dinâmico”, ao contrário da visão “obscurantista” dominante. Por que ainda temos uma visão negativa da Idade Média? E quais são os elementos mais “criativos” e “dinâmicos” dela?

A visão negativa da Idade Média se manifesta com intensidade a partir do século XIV, quando o poeta italiano Petrarca cria a expressão “Idade das Trevas” [que retratava a
Idade Média como uma fase decadente da Europa, entre os períodos “luminosos” do Império Romano e do Renascimento]. Os lugares comuns sobre a Idade Média prosseguiram do Renascimento ao racionalismo do século XIX, apesar da reabilitação iniciada pelo Romantismo, com autores como Walter Scott, Victor Hugo, Augustin Thierry... E esses lugares comuns chegaram até nossos dias. Em todos os setores da sociedade repete-se como se fosse óbvio: “Não estamos mais na Idade Média”. No entanto, uma mudança de atitude dos pesquisadores em relação a essa época foi se consolidando ao longo do século XIX, a partir do esforço de instituições científicas como a École des Chartes e a coleção de estudos medievais “Monumenta Germaniae Historica”. Com a renovação do método e do espírito histórico em torno da revista “Annales”, fundada em 1929 por Marc Bloch e Lucien Febvre, o estudo da Idade Média passou por uma revisão. O progresso da economia rural e da economia monetária, a ascensão das cidades, o brilho da criação artística do estilo românico ao gótico nas catedrais, palácios e praças, tudo isso atesta o espírito criativo e dinâmico de uma longa Idade Média.


O senhor defende que o Renascimento dos séculos XV e XVI não representou o fim da Idade Média, como se costuma pensar, mas sim o “terceiro” e mais importante Renascimento da Idade Média. Por quê?

Acredito que o Renascimento inventado no século XIX por Michelet [historiador francês que cunhou a expressão em sua “História da França”, de 1855] não começa nos séculos XV e XVI. E que a “longa” Idade Média dura até meados do século XVIII. O primeiro Renascimento da Idade Média ocorreu nos séculos VIII e IX, com um pequeno núcleo de pensadores e cientistas agrupados em torno do imperador Carlos Magno. O segundo Renascimento, no século XII, é marcado pelo progresso agrícola, pelo desenvolvimento das cidades e pelo início das realezas nacionais. O Renascimento dos séculos XV e XVI é um período importante no campo das artes e na afirmação das nações, mas nos planos econômico e ideológico permanece essencialmente rural e marcado pelo cristianismo, ainda que no século XVI ele se divida em dois ramos: a Igreja Católica e a Reforma.

O senhor escreve que os grandes personagens da Idade Média são “santos, reis, Papas e teólogos”. Que condições permitem a ascensão dessas figuras históricas?

Os santos são uma novidade, uma criação do cristianismo; os reis são uma nova figura de chefe político; os Papas lideram a Igreja cristã; os teólogos substituem os filósofos da Antiguidade. Portanto, Deus como criador da Humanidade e do mundo é o principal mote do pensamento da época. A ascensão dessas categorias foi possibilitada, por um lado, pela cristianização da maior parte da Europa e, por outro, pela constituição de Estados que, ao longo da Idade Média, tornaram-se nações. Se pensamos nas obras que parecem dominar o pensamento cristão medieval, o que vem à mente são as sumas teológicas. E se há uma obra que se afirma como sua coroação, é a “Suma Teológica” de São Tomás de Aquino.

“Homens e mulheres da Idade Média” tem um capítulo sobre Francisco de Assis, que o senhor já havia estudado em outro livro. Na sua opinião, o que significa a decisão do cardeal Jorge Mario Bergoglio de adotar como Papa o nome de Francisco? Como o senhor avalia o papado de Bergoglio?

Acredito que, ao escolher o nome Francisco, o cardeal Bergoglio quis retirar da Santa Sé a imagem de riqueza e poder que ela havia adquirido. O caráter único deste nome na lista de Papas nos faz pensar sobre semelhanças entre a situação de crise no mundo atual, principalmente na Europa, e certos traços do avanço da pobreza na Idade Média, no tempo de Francisco de Assis. O gesto de escolher o nome Francisco é, ao mesmo tempo, o resgate de uma tradição de humildade da Igreja e uma concepção original do pontificado.

Há mais homens que mulheres no livro, uma diferença que o senhor justifica dizendo que isso é também “uma representação do lugar que elas ocupavam”. Que lugar era esse?

Embora a mulher não tenha sido tão depreciada na sociedade cristã medieval como costumamos acreditar, é fato que a Idade Média cristã é uma era masculina. A mulher é vista como um ser degradado pela memória do pecado de Eva, e nem a devoção por Virgem Maria é suficiente para mudar isso. A impossibilidade institucional e espiritual de as mulheres exercerem o sacerdócio as rebaixa a uma categoria inferior à dos homens.

Também há poucos artistas no livro (Dante, Giotto e Bocaccio, por exemplo). Mas há toda uma seção dedicada a personagens imaginários, como mitos de origem histórica (Rei Arthur), figuras religiosas (Satã) e lendas populares (o mago Merlin). O senhor explica que é durante a Idade Média que emergem as noções de “autor” e “artista”. Como? E quais são os traços mais fortes do imaginário das sociedades medievais?

A onomástica no mundo dos artistas durante a Idade Média é um assunto delicado. Por muito tempo, o artista é anônimo ou é considerado apenas um artesão. É a partir da difusão da noção de “beleza”, a partir do século XIII, como bem mostrou Umberto Eco [em “História da beleza”, de 2004], que o personagem do artista adquire em certas cidades italianas prestígio social e profissional. O primeiro a se beneficiar disso foi o pintor Giotto (1266-1337), em Florença. O imaginário de qualquer sociedade humana, em qualquer época, reflete a experiência, o pensamento e o sentimento de seus integrantes. Na Idade Média, acrescenta-se a isso um mundo de maravilhas que recupera parte do que chamamos de “cultura popular”, da qual o cristianismo medieval se beneficiou muito. Ao prestígio do homem como criatura à imagem e semelhança do Deus cristão, juntou-se o prestígio dessa dimensão maravilhosa do humano.

O senhor descreve a universidade como “um novo poder” na sociedade medieval. Quem eram seus personagens mais representativos?

Foram os próprios homens e mulheres da Idade Média que concederam à universidade um status de poder equivalente ao do sacerdócio e da realeza. O intelectual da Idade Média se retira do studium monástico da Alta Idade Média para ser formado ou pelas universidades ou pelas novas ordens mendicantes urbanas, sobretudo os franciscanos, ou “frades menores”, e os dominicanos, ou “pregadores”. O nome desta última ordem sublinha o fato de que na Idade Média a oralidade tinha um papel essencial no mundo intelectual, no qual sermões eram tão importantes quanto exercícios universitários.

O senhor define a cidade como “uma grande criação da Idade Média”. Qual é a herança mais importante da cidade medieval para a cidade contemporânea?

A cidade medieval é um centro de produção econômica, principalmente de artesanato. Além disso, é o centro da emergência de uma classe social que surge disposta a governar a si mesma, a burguesia. Mas, com sua tendência de alastramento da pobreza e do crime, é também centro de miséria e delinquência. É ainda um centro festivo, espaço de sociabilidade manifestada na praça pública. A ideia da cidade como grande centro se reforçou até nossos dias.

Em “A Idade Média e o dinheiro”, o senhor observa que a forma como pensamos no dinheiro hoje é “produto da modernidade”. Mas afirma que foi na Idade Média que a busca de indivíduos e Estados por dinheiro começou a ser legitimada. Como o dinheiro era visto na Idade Média?

O dinheiro começou a adquirir na Idade Média um valor e um uso econômico, insuflados pelas cidades, mas também era visto como incitação ao pecado da usura. A cidade medieval estava dividida entre a prosperidade e a condenação do dinheiro. O desejo de não reprimir o progresso econômico e a marcha dos indivíduos rumo à riqueza leva a Igreja e as instituições urbanas a distinguir entre o que há de legítimo na cobrança de juros pelos credores e o uso ilegítimo que fazem dele os usurários. No que diz respeito à poupança e ao uso do dinheiro, a Idade Média evoluiu da itinerância das feiras à estabilidade dos bancos. Esse processo pode ser visto como uma “sedentarização” da vida econômica, simultânea ao desenvolvimento comercial.

O senhor escreve que até o século XII as sociedades medievais eram divididas entre “poderosos” e “fracos”. Depois disso, surge a distinção entre “ricos” e “pobres”. Quais são as consequências dessa mudança?

No início da Idade Média, as distinções são sobretudo institucionais, como aquelas entre senhor e servo. O fato de possuir terras ou não era o critério essencial. Depois, com o desenvolvimento do comércio e a ascensão das cidades, surge a discriminação pelo dinheiro. O pobre substitui o servo. Essa mudança conduz a uma sociedade dominada pelo capitalismo.

“A Idade Média e o dinheiro” retoma o tema de seu primeiro livro, “Mercadores e banqueiros na Idade Média” (1956). Nele, o senhor analisava a “revolução comercial” promovida por essas duas categorias naquele período. Como a análise das origens do capitalismo na Idade Média pode ajudar a compreender a fase atual do capitalismo?

A História é uma sequência de continuidades e mutações — e, raramente, de rupturas. Uma das diferenças essenciais entre a sociedade medieval e a nossa é a industrialização, que alargou muito a base do funcionamento econômico e social, enquanto na Idade Média essa atividade era essencialmente rural, militar e religiosa. A sociedade de classes analisada por Marx no século XIX é muito diferente da sociedade de três estados da Idade Média, composta pelos que pregam, os que lutam e os que trabalham (oratores, bellatores, laboratores). Uma longa mutação conduziu à Revolução Francesa, que inspirou mutações no resto do mundo. A situação social das cidades medievais unia poder político e poder econômico. Hoje, democracia e capitalismo são, acima de tudo, antagonistas.

Fonte: Blog Prosa Online

Novo traje pode evitar degradação do corpo no espaço

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© NASA-Waldie/Divulgação
A vida dos astronautas é desafiadora. Quando estão no espaço, dedicam seu tempo a pesquisas científicas, e na Terra, contribuem para o treinamento de jovens que embarcarão nas viagens espaciais do futuro.
No entanto, os astronautas são expostos a problemas de saúde decorrentes da ausência de gravidade, como a perda de massa muscular e óssea, e alterações no senso de equilíbrio.
Para evitar esses e outros efeitos, pesquisadores do Kings College de Londres, em conjunto com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts e a Agência Espacial Europeia , criaram um traje espacial chamado Skinsuit, que pode combater a perda de massa muscular e óssea durante longas exposições à microgravidade.
Feito de um material leve e maleável, o Skinsuit gera uma tensão gradual desde os ombros até os pés por meio de fios horizontais, semelhantes a um cinto.
O traje simula o ganho de um grama de peso, imitando a atração gravitacional da Terra e o impulso correspondente gerado no corpo humano.
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© Kings College de Londres/Divulgação
No espaço, os astronautas chegam a crescer até sete centímetros porque a gravidade não exerce pressão sobre a coluna vertebral, o que pode acarretar dores nas costas. Mais tarde, quando retornam à Terra, são mais propensos a desenvolver hérnias de disco e precisam fazer exercícios específicos para voltar à antiga forma.
“Na Terra, estamos constantemente resistindo à gravidade; mesmo quando estamos sentados ou caminhando, exercitamos os músculos e os ossos. No espaço, a gravidade não exerce pressão e eles não estão sujeitos às forças naturais de que precisam para continuar saudáveis”, explica Phil Carvill, do Centro de Ciências Aeroespaciais e Fisiologia Humana do King´s College.
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© ESA/Divulgação
Por enquanto, o protótipo está em fase de testes na Agência Espacial Europeia, mas será usado pela primeira vez pelo astronauta Andreas Morgensen em uma missão em 2015, quando sua funcionalidade será avaliada.
Alguns estudos também sugerem que o traje pode ser útil também na Terra, contribuindo para aliviar problemas na parte inferior da coluna.

Fonte: Discovery Brasil Notícias

Só existe um aeroporto bom de verdade no Brasil

Infraero
Aeroporto de Recife
Aeroporto de Recife: destaque entre os brasileiros ao disponibilizar lugares para sentar

São Paulo – Mais uma pesquisa global aponta, em números, o que os brasileiros já sabem muito bem na prática: os aeroportos brasileiros estão entre os piores do mundo quando o assunto é infraestrutura e eficiência de serviço.

Entre os 14 aeroportos brasileiros mais movimentados, que fizeram parte do levantamento realizado pela Proteste Associação de Consumidores, apenas o de Recife foi classificado como “bom”, de acordo com a avaliação dos próprios passageiros.
A pesquisa envolveu mais de 150 aeroportos de todo o mundo, sendo consideradas as respostas de 9 mil questionários enviados a pessoas de seis países: Brasil, Bélgica, Portugal, Espanha, França e Itália.
Entre os brasileiros, também foram avaliados os aeroportos de Porto Alegre, Natal, Viracopos, Florianópolis, Curitiba, Salvador, Congonhas, Galeão, Fortaleza, Confins, Santos Dumont, Guarulhos e Brasília.
Todos tiveram notas gerais consideradas medianas ou ruins.
Foram avaliados oito quesitos: acesso ao aeroporto via transporte coletivo, placas de orientação, as telas que exibem os voos, banheiros, lugares para sentar, segurança, tempo de espera até o embarque e o embarque propriamente dito.
Recife teve boas avaliações nos quesitos “lugares para sentar” e “telas de partida e chegada”. Recentemente, também foi considerado o sétimo melhor aeroporto da América do Sul, segundo o World Airport Awards 2014, da Skytrax.
Considerando ainda apenas os aeroportos da América do Sul, foi o mais bem posicionado entre os brasileiros, além de liderar na qualidade dos funcionários.
Entretanto, não há tantas razões para comemorar. Na pesquisa da Proteste, o aeroporto foi considerado ruim e péssimo nos itens “acesso via transporte coletivo” e “segurança”, critérios de grande importância para quem vai viajar.
As nota final de Recife, 74, é também distante dos grandes aeroportos do mundo, como o de Changi, em Singapura, que venceu com 88 pontos.
O representante brasileiro com pior colocação foi o aeroporto de Brasília, conquistando a nada honrosa quarta pior posição mundial no ranking.
Confira na tabela a seguir as notas dos aeroportos brasileiros em alguns quesitos considerados no ranking global.
Posição Aeroportos Telas de voos Banheiros Lugares para sentar Avaliação geral
Recife (PE) 77 68 67 74
Porto Alegre (RS) 77 68 60 69
Natal (RN) 71 64 56 69
Viracopos (SP) 71 67 59 69
Florianópolis (SC) 75 65 53 68
Curitiba (PR) 79 67 56 67
Salvador (BA) 71 67 56 65
Congonhas (SP) 68 60 50 63
Galeão (RJ) 73 62 56 63
10º Fortaleza (CE) 68 63 47 62
11º Confins (MG) 67 62 55 62
12º Santos Dumont (RJ) 74 58 52 62
13º Guarulhos (SP) 74 61 51 60
14º Brasília (DF) 70 58 53 60

Assédio de toga

Dos juízes espera-se equilíbrio, serenidade e, sobretudo, justiça nos atos e tomadas de decisão. Parte dos servidores do Poder Judiciário, porém, tem se deparado com magistrados autoritários e prepotentes, que perseguem e assediam moralmente os funcionários. Uma pesquisa inédita no País, realizada pelo Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro e obtida por ISTOÉ, é um indicador do ambiente ruim dos tribunais brasileiros. A enquete revelou que 44,5% dos servidores do Tribunal de Justiça do Estado entrevistados afirmam já ter sofrido algum tipo de assédio moral. “Começamos a perceber um número cada vez maior de servidores afastados por problemas psicológicos”, afirma Alzimar Andrade, coordenador-geral do Sind-Justiça. “Esse quadro é agravado porque os juízes assediadores se sentem em uma classe superior, repleta de poder, e têm uma espécie de garantia de não punição.” O levantamento também apontou que 45% dos funcionários ouvidos disseram que já foram ofendidos ou humilhados no atendimento a advogados ou a partes de um processo (leia abaixo).
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O assédio no serviço público tem peculiaridades. Em uma empresa privada, o chefe descontente pode demitir o trabalhador, algo que não ocorre com funcionários concursados. “O que se negocia são os benefícios e a independência interna do servidor”, afirma o professor de sociologia do direito da Fundação Getulio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro Fernando Fontainha. Isso permite, por exemplo, a perseguição de um profissional até que ele decida se exonerar da vida pública. Frequentemente, trava-se uma guerra judicial entre as partes, como ocorreu com a funcionária do Tribunal de Justiça de Minas Gerais Flávia Felício Silva, 42 anos. Ela afirma ter sido perseguida pelo juiz Roberto Ribeiro de Paiva Júnior enquanto trabalhou como escrivã judicial na Comarca de Uberlândia em 2007. “Além do meu trabalho, eu era obrigada a fazer despachos para o juiz, que é atribuição dos estagiários, e trabalhava das 7h às 22h”, relata. Flávia conta que engordou 30 quilos em quatro meses e, quando chegou ao limite, foi conversar com o juiz. “Ele disse que ninguém falava ‘não’ para ele e que eu veria quem mandava”, conta.
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BATALHA
Flávia e o juiz Roberto Ribeiro de Paiva Júnior travaram uma guerra judicial:
ele entrou com cinco processos administrativos contra ela e todos foram arquivados
Naquele momento, segundo Flávia, os maus-tratos vieram à tona. Ela foi proibida de entrar no gabinete de Paiva Júnior. “Eu ouvia dele que eu fedia e era gorda e irresponsável”, diz. Por ter cometido uma falha em um processo que resultou em prejuízo financeiro para as partes, ela tomou uma suspensão de cinco dias. Diante disso, a servidora entrou com um mandado de segurança contra o juiz e a atitude do magistrado foi considerada inconstitucional pelo TJ-MG. O caso virou uma disputa judicial. Flávia fez uma representação contra Paiva Júnior na Corregedoria-Geral do Estado e o juiz entrou com cinco processos administrativos contra ela, todos arquivados. A Corregedoria, por sua vez, determinou que o juiz a tratasse com dignidade. Em 2009, Flávia foi transferida de vara. Procurado por ISTOÉ, o Fórum de Uberlândia informou que o juiz está de férias.
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Tratamentos humilhantes repetitivos podem comprometer a identidade, as relações afetivas e a capacidade de se adequar ao ambiente de trabalho, muitas vezes sem que a pessoa tenha consciência. No Rio de Janeiro, o caso da oficial de Justiça Márcia Elisa Barroso, 38 anos, chegou ao extremo. A funcionária atirou-se do sexto andar do seu prédio, em novembro passado, após ter sido removida de local de trabalho contra a sua vontade, o ápice de uma série de problemas, segundo ela. Márcia fazia parte de um grupo de 12 servidores que, em 2011, abriu um processo administrativo para denunciar o assédio moral praticado pela chefia da Central de Mandados do Fórum de Alcântara, em São Gonçalo, e pedir remoção coletiva. “Todos sofriam com o tratamento da diretora da Central e a juíza nos acusava de fazer motim”, diz. Segundo Márcia, o tempo era restrito para cumprir o número de mandados exigidos, a diretora colocava os funcionários uns contra os outros no momento de definir plantões e quando alguém não dava conta do trabalho ela humilhava e gritava com a pessoa na frente de toda a equipe.
Em julho de 2012, Márcia passou a trabalhar em Niterói, mas em novembro passado foi novamente transferida para São Gonçalo. “Entrei em profunda depressão”, diz ela, que não se lembra direito do dia em que resolveu pular da janela. A servidora sofreu traumatismo craniano, uma série de fraturas, ainda está de licença médica e atualmente precisa de um andador para se locomover. O TJ-RJ nega que tenha havido assédio moral. A juíza Renata de Souza Vivas Pimentel, da Central de Mandados de Alcântara, afirmou que a remoção ocorreu em razão da abertura de um presídio na região, o que aumentaria a demanda de trabalho no Fórum local.
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GRUPO
Márcia e outros 11 servidores abriram um processo administrativo para
denunciar o assédio moral praticado no Fórum de Alcântara, em São Gonçalo (RJ)
No Poder Judiciário, a disparidade de forças parece mais evidente. “O servidor vive um embate com uma pessoa que possui muito mais poder”, diz Roberto Dias, professor de direito constitucional da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). “Assim, quando o funcionário vai atrás de seus direitos, ele corre o risco de ser malvisto pelos outros juízes e prejudicar a continuidade de sua carreira pública.” A chefe de cartório Nara Pereira, 52 anos, hoje trabalha em Criciúma (SC), mas ainda teme que sua carreira seja prejudicada pelo juiz Lírio Hoffmann Júnior, com quem trabalhou no Fórum de Orleans (SC). Em 2012, ela apresentou uma representação contra ele na Corregedoria-Geral do Tribunal de Justiça do Estado, alegando maus-tratos e perseguições no ambiente de trabalho.
Os desentendimentos começaram logo no início da relação profissional. “Ele começou a incitar os estagiários contra mim e a me desautorizar diante deles. Também queria que eu o ajudasse a prejudicar seus desafetos”, conta. “Percebi que se tratava de assédio moral quando fui trancada em uma sala e uma servidora falou que eu estava sendo observada.” Nara relata ainda que a funcionária lhe disse que sua função era dar andamento nos processos para acelerar a promoção do juiz. Na denúncia à Corregedoria, Nara acusou Hoffmann de ameaçar abrir uma ação administrativa contra ela, o que de fato ocorreu. De acordo com o desembargador do TJ-SC, Ricardo Roesler, a representação aberta por Nara foi “arquivada por inconsistência de provas e o processo disciplinar continua em tramitação na presidência do Tribunal de Justiça”. Hoffmann afirmou desconhecer alegações sobre assédio moral. “Nossa relação de trabalho era boa, mas não posso dar mais informações sobre o que motivou o processo administrativo”, disse o juiz.
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Numa área célebre pela morosidade e com uma demanda de maior rapidez da sociedade, as disputas tendem a se acentuar. “O índice de servidores públicos com problemas de saúde é cada vez mais elevado”, diz Paulo Blair de Oliveira, professor da Universidade de Brasília (UnB) e juiz do trabalho há 20 anos. “Por que o tema assédio se tornou tão premente agora? Porque a sociedade exige uma solução com velocidade digital para as suas solicitações e o Judiciário ainda trabalha em ritmo analógico.”
Foto: Kelsen Fernandes/Ag. Istoé; L. Adolfo
Fonte: http://www.istoe.com.br/reportagens/356117_ASSEDIO+DE+TOGA?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage

5 atitudes para conseguir estudar mais em menos tempo

Getty Images
Homem estudandoHomem estudando: assuntos complexos forçam a mente a trabalhar mais, comece por eles, indica a especialista
 
Basta sentar-se à mesa rodeado de apostilas e livros para se dar conta de que a dedicação aos estudos para concursos públicos exige um poder de concentração para lá de afiado.
Na base da falta de foco estão velhos e novos vilões. O som hipnotizante da televisão, o toque repetitivo do celular, redes sociais e aplicativos de mensagens (como o WhatsApp) são alguns deles.

No entanto, vencê-los é apenas questão de (muita) força de vontade. Afinal, basta apertar o botão desligar para ter a certeza de não ser interrompido.
Mas e quando é o pensamento que insiste em voar longe levando o concurseiro a adiar a leitura de uma doutrina do Direito ou a resolução daqueles exercícios “cascudos” de raciocínio lógico?
Se a raiz da distração está fincada dentro da sua cabeça, algumas atitudes antes e durante o período de estudos podem ajudar. Veja o que Juliana Pivotto, sócia diretora da Nova Concursos, sugere para aumentar o poder de concentração e conseguir estudar mais em menos tempo.

Antes
1 Preste atenção ao fluxo de respiração
Sim, investir 2 minutos da sua atenção (apenas) no ritmo da respiração pode ser decisivo para baixar a ansiedade e melhorar a concentração.
“É um exercício simples, que dá para fazer em casa e baixar a adrenalina”, diz Juliana. Experimente alongar o tempo de inspiração e, sobretudo, o de expiração durante estes minutos.
2 Foque em um ponto estático
O esvaziamento da mente é um dos pressupostos da meditação cujo objetivo é conectar o praticante ao momento presente. Seus benefícios para ativar a capacidade de foco são propagados há milhares de anos.
Nunca tentou? Para começar, imagine, por alguns minutos, a chama de uma vela e tente controlar o movimento com a mente. “O desafio é não pensar em mais nada, o que é bem difícil”, diz Juliana.

Durante
3 Vá logo ao limite da sua capacidade mental
Com mais tranquilidade, é hora de partir para os livros e apostilas. Mas não comece pelo caminho mais fácil, ou seja, aquela matéria que você já domina.
Na opinião de Juliana, assuntos complexos forçam a mente a trabalhar mais. “Quanto mais difícil, mais você terá que se concentrar e, assim, seu cérebro permitirá menos brechas para a distração”, recomenda.
4 Faça do estudo um jogo
Criar um esquema de “auto premiação” pode ser o empurrãozinho que faltava para continuar motivado, segundo Juliana.
Venceu um tópico daquela doutrina complicada? Gabaritou a lista de exercícios? Ponto para você.
Estabeleça uma lista metas, e à medida que elas forem cumpridas, dê a si mesmo pequenos “presentes”, como pausas e momentos para estudar sua matéria preferida, por exemplo. 

Depois
5 Anote o que tira a sua concentração
Conhecer o “inimigo” é o primeiro passo para superá-lo. Por isso, Juliana indica também um exercício de autoconhecimento.
A ideia é verificar o que o tira do foco e criar suas próprias estratégias para não se deixar vencer pela distração.

Fonte: Info Abril (http://info.abril.com.br/noticias/carreira/2014/04/5-atitudes-para-conseguir-estudar-mais-em-menos-tempo.shtml)

domingo, 23 de março de 2014

Acordo entre as partes é viável mesmo após a prolação da sentença

"À luz da sistemática processual vigente, a sentença, ainda que transitada em julgado, não impede a homologação de acordo submetido pelas partes à chancela judicial, pois havendo composição das partes para o encerramento do processo. É impróprio cogitar-se de qualquer empecilho judicial a sua homologação". Com esse entendimento, a 3ª turma Recursal do TJ/DF deu provimento ao recurso de uma seguradora que buscava reverter sentença condenatória em seu desfavor. A decisão foi unânime.
O autor ingressou com ação pleiteando a devolução das parcelas do contrato de seguro cancelado pelo fornecedor, a devolução em dobro de quantia objeto de cobrança posterior e indenização por dano moral. O próprio réu reconheceu o erro - o vício do serviço decorrente do faturamento equivocado das parcelas do seguro contratado - que culminou com o indevido cancelamento do contrato.
Diante disso, a juíza originária sentenciou o processo, concluindo que o autor faz jus à devolução em dobro do valor descontado de sua conta (mesmo após o indevido cancelamento unilateral do contrato), bem como à devolução dos parcelas pagas, haja vista o inadimplemento absoluto da seguradora. Entendeu, contudo, que não houve a mínima indicação de violação a atributo de personalidade do autor, tornando incabível os alegados danos morais.
Após prolação da sentença, em agosto de 2013, e o respectivo trânsito em julgado, foi juntado aos autos pedido de reconsideração e acordo, ambos apresentados pela parte ré, comprovando a satisfação do crédito - o que levou a magistrada a julgar extinta a fase de cumprimento de sentença.
Inconformada, a ré interpôs recurso visando à modificação da sentença e a recepção do acordo celebrado entre as partes, ao argumento de que a transação trata de direito eminentemente patrimonial, não havendo justificativa jurídica para a recusa.
Em sede recursal, a turma acatou tal argumento, destacando que "cabe ao juiz, a qualquer tempo, tentar conciliar as partes (art. 125 do CPC), de maneira que, em havendo composição da lide para o encerramento do processo, é impróprio cogitar-se de qualquer empecilho judicial a sua homologação".
  • Processo : 2013.01.1.037655-7
  • Fonte: Migalhas

quarta-feira, 5 de março de 2014

Julgado do STJ - Redes Sociais - Mensagem Ofensiva - Remoção - Prova

Ofensas na rede social (Foto: Reprodução)

Julgado da Terceira Turma do STJ

REDES SOCIAIS. MENSAGEM OFENSIVA. REMOÇÃO. PRAZO.
A Turma entendeu que, uma vez notificado de que determinado texto ou imagem possui conteúdo ilícito, o provedor deve retirar o material do ar no prazo de 24 horas, sob pena de responder solidariamente com o autor direto do dano, pela omissão praticada. Consignou-se que, nesse prazo (de 24 horas), o provedor não está obrigado a analisar o teor da denúncia recebida, devendo apenas promover a suspensão preventiva das respectivas páginas, até que tenha tempo hábil para apreciar a veracidade das alegações, de modo que, confirmando-as, exclua definitivamente o perfil ou, tendo-as por infundadas, restabeleça o seu livre acesso. Entretanto, ressaltou-se que o diferimento da análise do teor das denúncias não significa que o provedor poderá postergá-la por tempo indeterminado, deixando sem satisfação o usuário cujo perfil venha a ser provisoriamente suspenso. Assim, frisou-se que cabe ao provedor, o mais breve possível, dar uma solução final para o caso, confirmando a remoção definitiva da página de conteúdo ofensivo ou, ausente indício de ilegalidade, recolocá-la no ar, adotando, na última hipótese, as providências legais cabíveis contra os que abusarem da prerrogativa de denunciar. Por fim, salientou-se que, tendo em vista a velocidade com que as informações circulam no meio virtual, é indispensável que sejam adotadas, célere e enfaticamente, medidas tendentes a coibir a divulgação de conteúdos depreciativos e aviltantes, de sorte a reduzir potencialmente a disseminação do insulto, a fim de minimizar os nefastos efeitos inerentes a dados dessa natureza.REsp 1.323.754-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/6/2012.

terça-feira, 4 de março de 2014

Paul Romer - Por que o mundo precisa de cidades modelo

Como um país em dificuldades poderia livrar-se da pobreza se está preso a um sistema de leis ruins?
O economista Paul Romer revela uma idéia ousada "cidades modelo" [charter cities], zonas administrativas do tamanho de cidades, governadas por uma coalizão de nações.
(Poderia Guantánamo Bay se tornar o próximo Hong Kong?)

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Bruce Dickinson: do metal às alturas, a receita do sucesso

"Corram para as colinas! Corram por suas vidas!” Com esse refrão alarmista, o inglês Bruce Dickinson apresentou-se ao mundo, em fevereiro de 1982. A música, “Run to the hills”, marcava sua estreia como vocalista do Iron Maiden e ajudou a fazer da banda britânica de heavy metal uma das maiores do gênero em todos os tempos. Naquele mesmo ano, Dickinson cantou ainda sobre o número da besta e invasores armados com machados. As letras assustadoras impressionavam menos que sua voz. Comparado a seu antecessor no posto, Paul Di’Anno, Dickinson era um cantor de verdade, com fôlego e agudos capazes de lidar com plateias de dezenas de milhares de pessoas. Tem sido assim há 32 anos, sem que a voz do Iron Maiden tenha perdido força – o que já representaria uma carreira admirável. Dickinson nunca se contentou em ser reconhecido apenas como brilhante animador de metaleiros. Paralelamente a suas conquistas no meio musical, tornou-se piloto de jatos comerciais, DJ e empresário, além de esgrimista respeitável. Tudo isso o habilitou a dar palestras sobre como ter sucesso nos negócios. Foi o que ele fez na Campus Party de São Paulo, na terça-feira, dia 28.

EMPRESÁRIO Dickinson na sede da Cardiff Aviation, no País de Gales. Ele tem paixão pela aviação (Foto: Will Bremridge/Willbphoto.com)
O evento, tradicional encontro anual de amantes da tecnologia, tem um pouco de cultura pop em seu DNA – não faltam no mundo geeks que trabalham ao som de heavy metal. Mesmo de camisa e calça sociais, Dickinson, de 55 anos, podia se sentir em casa. Logo no início, provou ser uma mistura de artista e empresário, em que um ajuda o outro. À frente de uma foto sua num show, disse: “Se eu olhar para aquela plateia, são todos fãs do Iron Maiden, certo? Na verdade, eles são um pouco clientes. E sabem quando eles se tornam clientes? Quando a gente os sacaneia”. Dickinson tentou explicar: “O cliente tem sempre uma escolha. Odeio clientes, eles podem ir para outro lugar. E você não quer que seu cliente vá para outro lugar, você quer que seus clientes sejam fãs”. Se uma empresa tiver fãs, seus negócios serão muito mais sólidos. O artista Bruce ajuda o empresário Dickinson a estabelecer uma relação de admiração e compromisso entre uma marca e seu público.

Dickinson insistiu na ideia da dedicação como principal arma para o sucesso, que não costuma chegar aos complacentes. “O mundo dos negócios é como a vida no mar. Os peixes podem sentar parados na água e respirar. Tubarões precisam se mover. Mas aí ficam grandes, têm de comer bastante para viver, e o que eles comem? O peixe está lá, sentado, feliz, vem o tubarão e o come”, disse Dickinson, por meio de uma simplista analogia biológica. “Esse é o mundo dos negócios, goste ou não.” E como não ser engolido? “Se você está pensando em entrar nos negócios, precisa identificar onde está o valor naquilo que você faz, ou que sua empresa faz que é único e especial.”

ROQUEIRO Bruce Dickinson em show do Iron Maiden  em 2013. Sua voz o tornou famoso mundialmente (Foto: Will Bremridge/Willbphoto.com)
Dickinson tem autoridade para falar. Adolescente, ainda não tinha ideia do que faria da vida. Respondeu fazendo quase de tudo, geralmente bem. Formou-se em história no Queen Mary College, em Londres. Durante o curso, dedicou-se mais a cantar rock. Já era famoso mundialmente com o Iron Maiden quando decidiu aprender a pilotar aviões, nos anos 1990 – mesma época em que publicou dois romances. Tornou-se comandante regular de Boeing 757 e pilotou as aeronaves que levaram o próprio Iron Maiden às turnês mundiais de 2008 e 2011 – pouco depois de sair do palco, Dickinson já estava na cabine de comando. Como empresário da aviação, abriu em 2012  a Cardiff Aviation Ltd, empresa de reparos de aeronaves. Entre 2002 e 2010, apresentou um programa de rádio na BBC. Apaixonado pela cerveja inglesa tipo ale, lançou no ano passado a Trooper, em associação com a cervejaria Robinson. A revista britânica Intelligent Life, do grupo The Economist, o incluiu numa lista de atuais polímatas, aqueles com um vasto leque de habilidades, ao lado do escritor Umberto Eco e do músico Brian Eno. Uma espécie de Leonardo da Vinci dos tempos atuais.

A variada carreira de Bruce Dickinson reforça algo que ele recitou aos presentes na Campus Party. Para Dickinson, não interessa o que se faça, mas sim como seja feito. “Não importa o que você pensa que esteja vendendo – computadores, carros, serviços –, você não está vendendo isso. Você está vendendo apenas uma coisa: um relacionamento com a pessoa que compra.” A alternativa é ser engolido por tubarões – ou correr para as colinas. 


Fonte: Revista Época


Playlist of the week - Everyday I Have The Blues (101 Essential Blues Tracks)


A playlist dessa semana é especial. Uma coletânea com o melhor do que o blues já produziu, em todas as suas vertentes. 
Grandes nomes do gênero que influenciou o surgimento de estilos como o rock and roll, o country, a soul music e o jazz desfilam por aqui, numa sequência musical recheada de clássicos, criada para o deleite dos amantes dessa arte de "cantar com a alma" as alegrias, tristezas e angústias da nossa existência.
Para ouvir a seleção de músicas, cliquem no link 101 Essential Blues Tracks e boa viagem!!!!


The playlist this week is special. A compilation with the best of the blues ever produced, in all its aspects.
Great names of the genre that influenced the rise of styles like rock and roll, country, soul music and jazz, shows here, a stuff of classic musical sequence, set to the delight of lovers of this art of "singing with soul" the joys, sorrows and anxieties of our existence.
To hear the song selection, click on the link 101 Essential Blues Tracks and have a good trip!!

O contrato do século

Por Franthiesco Ballerini
Cena do filme "O grande ditador", de 1940, primeiro filme sonoro do ator/diretor
Há 100 anos, em dezembro de 1913, um jovem inglês, pobre – que passara a infância em orfanatos e ganhava trocados em apresentações de mímicas em Music Halls de Londres –, assinava seu primeiro contrato em Hollywood, época em que nem mesmo os estúdios ainda estavam totalmente formados. Descoberto pelo diretor e produtor Mack Sennett, Charles Chaplin se tornaria rapidamente uma das figuras mais importantes da história do cinema mundial, especialmente da indústria cinematográfica norte-americana.
O contrato assinado entre ele e a KeystoneStudios foi o estopim para um dos grandes feitos do jovem ator. Como poucos, Chaplin teve o privilégio de passar quase toda a vida sendo ator, roteirista, diretor e, quase sempre, produtor das obras que lançava. Isso dava a ele aquilo que é tão raro em Hollywood: controle criativo. Basta ler, por exemplo, as declarações de qualquer diretor brasileiro que se aventura por lá para perceber que nos estúdios de Hollywood a maioria dos diretores é mero profissional contratado, pois quem manda mesmo são os produtores e, depois, os atores. Já Chaplin conseguiu escapar desta armadilha que transforma grande parte das obras em produtos industriais sem toque autoral. Ao escrever a ideia inicial, comandar sua transformação para audiovisual (ou apenas visual, antes do cinema sonoro), dar vida ao personagem e controlar, ainda que em parte, o dinheiro envolvido no filme, Charles Chaplin poderia ter garantias de que suas obras chegariam ao público da maneira que ele tinha visionado.
Mas a grande contribuição do diretor aconteceu mesmo pouco depois de assinar o contrato com a Keystone. Chaplin criaria um tipo, o vagabundo de chapéu-coco Carlitos, que nada mais foi do que uma das primeiras franquias cinematográficas do mundo. Sem querer – pois sua maior preocupação na época era o humor e a arte –, o ator estava criando as bases que hoje sustentam fortemente Hollywood, vide a quantidade de franquias que dominam as salas de cinema todos os fins de semana.
Sua fórmula foi simples: se o público gostou das aventuras de Carlitos na primeira vez, por que não gostaria de vê-lo novamente, ao lado de outros personagens, em outra locação e em novas confusões? O público queria. Assim, Chaplin conseguia, a cada novo filme, dar mais densidade à personalidade de Carlitos, de modo que o público não só se divertia como também o considerava cada vez mais um personagem querido e íntimo, quase um membro da família. Esse “efeito colateral” positivo das franquias é o que garante hoje a longevidade das séries de TV, por exemplo, que são capazes de dar uma densidade ao personagem que só as franquias cinematográficas sofisticadas conseguem.
Douglas Fairbanks, Mary Pickford, Charlie Chaplin, D.W. Griffith, fundadores da produtora United Artists, em 1919
O controle criativo foi tão importante para Chaplin que ele cancelou o contrato com a Keystone, e com outras tantas produtoras, e ao lado de Douglas Fairbanks, Mary Pickford e do lendário D. W. Griffith fundou, em 1919, a United Artists. A intenção dele era fugir do sistema de estúdio, um sistema em que o produtor controla absolutamente todos os aspectos do filme – até mesmo o nome oficial dos atores, a cor de seus cabelos, quando devem falar em público etc. Com isso, a United Artists seria uma espécie de refúgio de roteiristas e diretores que queriam ter liberdade criativa em seus projetos. Mas como em Hollywood o dinheiro sempre fala mais alto, não demorou muito tempo para que o estúdio de Chaplin se juntasse à esquemática dos demais, exceto o próprio Chaplin.
Ao mesmo tempo em que Chaplin foi um grande contribuidor da arte cinematográfica, ele também causou grandes escândalos por onde passou. Durante anos, o famoso chefe do FBI, J. Edgar Hoover – que virou filme nas mãos de Clint Eastwood –, ficou no pé do ator por achar que ele estava disseminando o comunismo nos EUA, país para o qual ele nunca pediu nacionalidade. Depois, seu primeiro filme sonoro, O grande ditador, de 1940, causou a ira de alguns políticos dos EUA por fazer uma caricatura bem-humorada de Adolf Hitler. Mas o público respondeu bem ao filme, e a crítica aclamou-o como uma das grandes obras do ator/diretor. E embora o governo norte-americano nunca tenha tido uma prova sequer de que Chaplin era um “traidor da nação”, ele foi proibido de entrar no país, em 1952, após lançar o filme Luzes da ribalta, em Londres. No livro Tramp: The Life of Charles Chaplin, Joyce Milton afirma ainda que o escritor russo Vladmir Nabokov se inspirou na relação de Chaplin com a atriz Lita Grey para escrever seu romance mais famoso, Lolita. Isso porque Chaplin se casou com Lita quando ela tinha apenas 16 anos.
Casado quatro vezes e pai de 11 filhos, o intérprete de Carlitos era conhecido em Hollywood por sua maneira nada ostentosa de viver. Morava em um quarto de hotel humilde enquanto seus colegas viviam em mansões em Beverly Hills. Guardava os cheques que recebia dos filmes, por meses, dentro de um baú do hotel. Vencedor do Oscar honorário, em 1972, pela “incalculável contribuição em fazer o cinema ser a forma de arte do século 20” – estatueta esta que ele usava como peso de porta, pelo desdém que tinha com a academia –, Chaplin foi o responsável, ao lado de Buster Keaton, por popularizar e aperfeiçoar o que hoje se chama “comédia pastelão” (ou Slapstick, como é chamada nos EUA) cujo riso é extraído de trapalhadas físicas dos personagens – casca de banana, torta na cara, beliscões etc. Era a fórmula perfeita para o cinema mudo, uma vez que não necessitava de diálogos para sua compreensão e tampouco de roteiros muito sofisticados. No entanto, precisava de atores com grandes habilidades corporais – Buster Keaton ganhou esse nome no circo porque caía no chão como ninguém – e ótimas expressões faciais, característica marcante de Carlitos. O pastelão de Chaplin foi tão importante que fez escola no mundo, garantindo, por exemplo, aqui na América Latina, humorísticos televisivos no ar há mais de três décadas, como Chaves, e quatro das maiores bilheterias brasileiras até hoje, com os filmes dos Trapalhões.
Dono de olhos azuis claríssimos, que hipnotizavam quem o conhecia pessoalmente – já que eles nunca foram vistos nos filmes em branco e preto –, Chaplin se tornou ator porque sua mãe, antes de ter surtos psicóticos e perder a guarda dele e do irmão Syd, interpretara para ele o que estava acontecendo nas ruas durante as semanas em que ele, ainda criança, ficou confinado na cama por conta de uma doença séria. Seu filme predileto era O encouraçado Potemkin, de 1925, do russo Sergei Eisenstein, e compôs mais de 500 músicas ao longo da vida, como Smile, eternizada nas vozes de Nat King Cole e posteriormente de Michael Jackson.
Assim como Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock, era preciso como um matemático nas cenas em que dirigia. Refazia-as dezenas de vezes até que ficassem do jeito que queria, enlouquecendo os assistentes de direção e a equipe de seus filmes. Curiosamente, porém, como ator, não trabalhava com um roteiro estruturado. Ao contrário, tinha a ideia na cabeça e improvisava na hora. O último filme que dirigiu foi A condessa de Hong Kong, de 1967, protagonizado por Marlon Brando. Embora Brando tenha dito que Chaplin era o maior talento já visto no cinema, os dois tiveram uma relação dificílima no filme, a ponto de Brando chamá-lo de “provavelmente o homem mais sádico que eu já conheci” e de Chaplin dizer que trabalhar com Brando era “impossível”.
Embora nunca tenha recebido um Oscar como ator, diretor ou roteirista, grande parte do sucesso da indústria cinematográfica norte-americana se deve a este garoto que passou fome em orfanatos e que criou um tipo tão fundamental para o cinema que nunca precisou de voz para chamar a atenção do mundo inteiro.
Franthiesco Ballerini
é jornalista e coordenador geral da Academia Internacional de Cinema
Fonte: Revista Cult online

Quando a guerra não deixou a bola rolar na Copa do Mundo

Equipe do Torino: base da seleção da Itália, o clube sofreu uma grande tragédia em 1949, quando 18 jogadores (entre eles, Valentino Mazzola) morreram em um acidente aéreo
Equipe do Torino: base da seleção da Itália, o clube sofreu uma grande tragédia em 1949, quando 18 jogadores (entre eles, Valentino Mazzola) morreram em um acidente aéreo / Crédito: 
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Realizada a cada quatro anos desde 1930, a Copa do Mundo só foi cancelada nos anos de 1942 e 1946, por causa da Segunda Guerra. Mas e se esses dois torneios tivessem acontecido? Quais seleções disputariam os títulos? Que atletas seriam os craques? Confira as possibilidades
1942
Os favoritos
Bicampeã em 1934 e 1938, a Itália, em fase de renovação, ainda representaria perigo. A base era o Torino, cinco vezes campeão nacional naquela década. A dúvida é saber se o país jogaria a Copa em uma sede inimiga, como o Brasil, então candidato a receber o evento. Os brasileiros, terceiro lugar em 1938, tinham craques em ascensão. Mas tropeçavam no Uruguai (campeão sul-americano em 1942) e na Argentina (vencedora do campeonato continental em 1941 e grande favorita ao título).
Os craques

Bicampeão sul-americano pela Argentina, o atacante Moreno (à esq.) é considerado um dos grandes jogadores do país, ao lado de Maradona e Di Stéfano. Leônidas da Silva (à dir): o maior jogador brasileiro da época havia acabado de se transferir do Flamengo para o São Paulo, onde seria pentacampeão paulista
Bicampeão sul-americano pela Argentina, o atacante Moreno (à esq.) é considerado um dos grandes jogadores do país, ao lado de Maradona e Di Stéfano. Leônidas da Silva (à dir): o maior jogador brasileiro da época havia acabado de se transferir do Flamengo para o São Paulo, onde seria pentacampeão paulista / Crédito: 
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Campeão em 1938, o goleador italiano Silvio Piola atuaria ao lado de Valentino Mazzola, grande meia do Torino. No Brasil, Leônidas da Silva iniciava a fase vitoriosa no São Paulo. Um dos melhores atacantes argentinos, José Manuel Moreno era bicampeão pelo River Plate.
1946
Os favoritos
Além de Brasil (que uniria veteranos e jovens), Itália (no auge do Torino), Argentina (que levou quatro Sul-Americanos na década) e Uruguai (com uma equipe similar à vencedora em 1950), nações libertadas do domínio nazista viviam boa fase. Entre elas, a Hungria, (vice-campeã em 1938 e com um certo Puskás como revelação) e a Áustria (time jovem e habilidoso, baseado no temido Rapid Viena). A Suécia também daria trabalho, com a base que seria campeã na Olimpíada de Londres de 1948.
Os craques

Ferenc Puskás: considerado um dos maiores jogadores da história, o atacante húngaro poderia ter disputado sua primeira Copa em 1946
Ferenc Puskás: considerado um dos maiores jogadores da história, o atacante húngaro poderia ter disputado sua primeira Copa em 1946 / Crédito: 
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A torcida veria revelações como o brasileiro Heleno de Freitas (artilheiro do Sul-Americano de 1945), o sueco Gunnar Nordahl (que faria sucesso no Milan) e o goleiro austríaco Walter Zeman (oito vezes campeão nacional). Com 19 anos, o grande Puskás despontava como líder da Hungria, vice em 1954. Astro do Brasil na Copa de 1950, Zizinho era ídolo do Flamengo, aos 25 anos. Poderia ocorrer uma prévia do Mundial seguinte, pois o Uruguai já tinha o motivador Obdulio Varellacomo capitão e o rápido Juan Schiaffino no ataque, ambos do Peñarol.
E as sedes?

O Pacaembu, em partida da Copa de 1950: sem o Maracanã, estádio paulistano seria o provável palco da final do Mundial de 1942
O Pacaembu, em partida da Copa de 1950: sem o Maracanã, estádio paulistano seria o provável palco da final do Mundial de 1942 / Crédito: 
Getty Images
Imaginar quais países poderiam receber as Copas em um cenário de conflito mundial é um exercício que ainda instiga os boleiros Possivelmente, o Brasil sediaria a Copa do Mundo de 1942.
A guerra afastaria pré-candidatos europeus, como a Alemanha. E a Argentina, que boicotou a Copa anterior, seria descartada pela Fifa.
Com isso, a final poderia ser no Pacaembu, um dos maiores estádios da época. Em 1946, os argentinos teriam mais chances, com a Europa destruída. Mas países neutros no conflito, como Portugal e Suíça, poderiam concorrer.
Fonte: http://placar.abril.com.br/materia/quando-a-guerra-nao-deixou-a-bola-rolar-na-copa-do-mundo?utm_campaign=copa_placar&utm_medium=widget&utm_source=interesse-geral

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