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segunda-feira, 17 de junho de 2013

Samsung já dispõe de 18 tamanhos diferentes de telas no mercado

Empresa sul-coreana oferece modelos que medem entre 3 a 10.1 polegadas

Samsung já dispõe de 18 tamanhos diferentes de telas no mercado
Na imagem que ilustra este artigo podemos ver os 26 smartphones e tablets que a Samsung tem no mercado. Esta imagem foi publicada no site britânico Which, a mesma não inclui smartphones dual SIM, ou os que incluem uma câmera (Galaxy Câmera S4 Zoom), ou as versões para campanhas como Verizon ou Google. Podemos contar 18 tamanhos de telas diferentes que medem entre 3 a 10.1 polegadas. No gráfico falta um Samsung Tab com tela de 8.9 e o Samsung Galaxy W I8150 de 3,7 polegadas.
Muitos destes terminais, apenas melhoram de uma versão anterior para a seguinte. Por exemplo, o Galaxy Ace2 se diferencia do Galaxy Ace3 em 0.2 polegadas e 0.4 GHz de potência. Estes dados sugerem que o objetivo da Samsung com todos esses dispositivos é ter um tipo de tamanho para cada consumidor. Sem mencionar a quantidade de diferentes tipos de terminais, desde câmeras mirrorless, celulares com câmera, passando por phablets com os Galaxy Mega e seguramente no final do ano um SmartWatch também.
A empresa oferece modelos bastante semelhantes, onde suas diferenças estão praticamente nas especificações técnicas. Como é o caso do Galaxy Note e o Galaxy Mega, o Galaxy S3 Mini e o Galaxy S4 Mini, ou os tablets Note de 10.1 e os Galaxy Tab. Isso acaba tornando difícil a escolha do dispositivo para os usuários sem maiores conhecimentos.
Talvez a Samsung até confunda alguns consumidores dada a grande variedade de modelos. No entanto, parece que os números que acompanham a empresa sul-coreana só aumentam ano após ano. 

Fonte: mobilexpert.com.br

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Afinal, como funciona o mercado de gibis nos EUA?

Reproduzo aqui matéria veiculada no site Judão - Livros e HQ. Curtam!


De tempos em tempos surgem notícias aqui no JUDÃO falando sobre o mercado de histórias em quadrinhos nos EUA. Basicamente, são informações sobre quem vendeu mais, quem vendeu menos, quem lucrou, quem está perto de ser cancelado… Ou seja, fatos importantes, que podem levar a novos direcionamentos para os nossos heróis favoritos no (ainda) importante mercado estadunidense.
Fatos que, com toda a certeza, serão sentidos depois pelos leitores de editoras como DC, Marvel eImage no Brasil
Só que há uma coisa que, talvez, você não saiba. O mercado de gibis lá na Terra do Tio Sam é COMPLETAMENTE diferente do nosso. Praticamente não existe venda nas bancas. São as comic shops que ditam o sucesso (e o fracasso) de qualquer coisa por lá.
Um pouco de história
Nem sempre foi assim, claro. A venda de gibis nos Estados Unidos já foi, um dia, tal qual como é até hoje aqui no Brasil. A distribuição era feita para as bancas, que funcionavam como intermediários. Sim, o jornaleiro da sua esquina é apenas um intermediário. Ele não compra nada. As editoras cedem revistas e jornais para ele, que fica responsável pela venda. Caso hajam compradores, ele ganha uma porcentagem. O que ficar — chamado encalhe — é retirado pela distribuidora e devolvido com a editora.
Se a tiragem for muito maior que a demanda, é quase certo que esse encalhe se tornará prejuízo para o editor. Por isso, trata-se de um formato de negócio bem complicado.
Acontece que tudo isso começou a mudar nos EUA durante os anos 70. As duas décadas anteriores tinham visto um boom dos quadrinhos, mas as vendas em banca começaram a diminuir no começo dos anos 70. Na mesma época, começaram a surgir lojas especializadas na venda de revistas em quadrinhos. Eram os comic shops.
Phil Seuling, que era dono de comic shop e organizador de convenções, foi o primeiro a perceber que era mais interessante comprar diretamente das editoras. Afinal, ele tinha um controle da demanda dos clientes. Assim, ele poderia pedir as quantidades exatas de cada revistas e aumentar a margem de lucro (pois não havia a figura do “distribuidor”). Por outro lado, o cara teria que se organizar: no caso de comprar mais do que o necessário, os gibis ficariam encalhados na loja dele, o que poderia representar um prejuízo.
Assim surgia o chamado “mercado direto”. Na época, o “direto” significava que não haveriam mais as distribuidoras, um conceito que acabou se perdendo — afinal, elas ainda são necessárias.
Uma antiga comic shop
Com o tempo, as vendas no mercado direto foram crescendo. Só que foi apenas no começo dos anos 80 que a Marvel finalmente viu o real potencial desse mercado. Foi a partir daí que a Casa das Ideias passou a lançar revistas diretamente para as comic shops e que não sairiam mais nas bancas.
A jogada se provou um sucesso. Tudo porque os quadrinhos não precisavam mais disputar espaço com outras publicações. Eles tinham uma loja só para eles, que poderia ser preenchida com um número cada vez maior de gibis. E apesar da editora ter uma margem menor em cada venda, não existia o risco da editora morrer com um monte de revistas na mão — o que permitia apostar em personagens e séries feitas para vender menos, como as graphic novels adultas. Sandman e o selo adulto Vertigo são filhos diretos dessa mudança.
Não demorou para inúmeros distribuidoras surgirem nos EUA, se especializando em receber as solicitações das lojas (que informavam quais títulos queria vender) para as editoras (que enviavam por meio da distribuidora as publicações). Não demorou muito para as vendas em banca morrerem e acontecer um verdadeiro boom de comic shops.
Nos anos 90 sobraram apenas três distribuidoras: Diamond, Capital City e a Heroes World. A última foi comprada pela Marvel em 1994, já que a editora acreditava que ter uma distribuidora própria poderia ajudar nas vendas e nos lucros. Não deu muito certo. Na segunda metade da década, tantos as grandes quanto as menores editoras assinaram contrato de exclusividade com a Diamond, que passou a ser a única a operar no mercado direto.
Como funciona o mercado direto hoje
Uma capa da revista Previews
Depois desse processo, o mercado direto de HQs começou a operar em um formato bem consolidado. As editoras (incluindo DC, Marvel e Image) informam para a Diamond quais revistas vão vender em cada mês, os títulos, sinopses e alguns previews (ou seja, revelam algumas páginas das publicações). Essas informações são divulgadas em grandes listas cerca de três meses antes da distribuição, além de serem veiculadas em uma revista da Diamond chamada simplesmente de Previews, que é lida pelos donos das comic shops.
Normalmente, são essas solicitações que acabam virando notícia aqui no JUDÃO. É que elas podem revelar mudanças na equipe criativa, capas bombásticas, sinopses misteriosas ou até o cancelamento do título.
A partir da revista Previews, os donos das comic shops selecionam quais revistas querem — e a quantidade que esperam vender. Dessa forma, são os lojistas que efetivamente COMPRAM as publicações, esperando vendê-las para os leitores.
Nesse sentido, quem dita o sucesso ou fracasso de uma publicação são os comic shops. Se eles não apostam em um gibi, o gibi tem poucas solicitações — e, depois, poucos exemplares à venda. Se os números não sobem, provavelmente a publicação será cancelada. Muitas vezes pode ser até uma história interessante, que teria público. Mas esse público nem fica sabendo…
É claro que existem inúmeras nuances nisso tudo. As editoras tentam desesperadamente impulsionar as vendas no período das solicitações, principalmente por meio de notícias, entrevistas e comunicados para a imprensa. Os previews propriamente ditos também ajudam bastante nisso.
Claro, três meses de antecedência é um tempo muito longo, no qual muita coisa pode acontecer. Por isso existem as chamadas “re-solicitations”, período mais próximo da publicação no qual o lojista pode pedir mais exemplares das revistas. Isso acontece muito, por exemplo, quando há uma publicação bombástica recente, que infla as vendas das revistas relacionadas que virão a seguir.
Há ainda outras “manhas” das editoras. Em casos bem específicos, Marvel e DC (que tem mais bala na agulha) oferecem a oportunidade das comic shops devolverem um potencial encalhe. Tal jogada acontece bastante em grandes crossovers. Sem o risco de perder dinheiro, os lojistas encomendam mais exemplares e a editora tem certeza que todos os leitores vão encontrar o título à venda.
E sim, muitas vezes é difícil encontrar os gibis mais populares. Tudo porque os donos das comic shops são muito conservadores nas solicitações e porque eles, claro, criaram outras formas de potencializar as vendas. Além de estimular o boca-a-boca para emplacar os lançamentos, eles reservam as séries mais procuradas para os clientes que pedem. Dessa forma, tem muito gibi que está esgotado antes mesmo de chegar à loja.
A parceria entre editoras e comic shops não para por aí. Há toda uma agenda de eventos anuais entre eles, apresentando os futuros planos das editoras — na San Diego Comic Con, por exemplo, há painéis exclusivos para revendedores pela manhã. Também existem eventos especiais. Avengers vs. X-Men, por exemplo, contou com festas nas principais comic shops dos EUA, que abriram na noite da véspera do lançamento oficial do crossover apenas para adiantar as vendas.
Uma típica comic shop atual
New comic book day
Outra sacada importante do mercado direto é a consolidação do “new comic book day”. Na realidade, a Diamond distribui os gibis na terça-feira para serem comercializados no dia seguinte, transformando a quarta no dia para comprar HQs. Isso dita o andamento de todo o mercado e dos leitores, que criam uma rotina baseada nesse dia. Produções como Big Bang Theory mostrando isso com bastante clareza.
E, cara, é realmente necessário ir até a comic shop na quarta-feira. Por conta do conservadorismo das lojas e das reservas prévias, fica difícil encontrar as revistas mais procuradas no PRÓPRIO new comic book day. Ano passado, quando visitei a famosa comic shops Meltdown (que fica em Los Angeles), passei por isso: era quarta-feira, mas os principais lançamentos da semana já tinha esgotado. Foi frustrante.
Para os mais perdidos (que descobriram que precisavam daquele gibi depois do amigo comentar ou depois de ver algo na internet), há uma segunda chance. Quando um gibi esgota nas comic shops e ainda há demanda por meio de pedidos e reservas, os revendedores pedem novas tiragens para as editoras, que aproveitam a oportunidade para agregar outras capas variantes. Assim, os atrasados garantem um exemplar, enquanto os mais fanáticos compram novamente só por causa da nova capa.
Sucesso ou fracasso
Com tanto controle, as editoras sabem previamente se um título vai virar ou se está indo para o buraco. Dessa forma, ajustes podem ser feitos no meio do caminho, incluindo mudanças na HQ, uma maior divulgação nas comic shops ou com novas notícias na internet. Nesses tempos de Twitter e Facebook, vale até um comentário dos quadrinistas envolvidos. Dan Slott, atual roteirista do Homem-Aranha, já tuitou diversas vezes que “haviam poucas solicitações” de uma edição específica.
Logo quando o mês acaba, a Diamond divulga o ranking dos mais vendidos e das editoras. Não são abertos números, mas sim índices. Dessa forma, dá pra saber, por exemplo, que Guardians of the Galaxy #1 foi o mais vendido de março e que a Marvel dominou o mês.
Além disso, a Diamond separa os resultados de duas formas. Na primeira sabemos quem vendeu o maior número de exemplares, enquanto o outro o ranking é por dólares. Isso acontece porque algumas revistas mensais custam US$ 2,99, enquanto outras são US$ 3,99, levando a resultados diferentes. Há também edições mais caras (Amazing Spider-Man #700 custou US$ 7,99), encadernados e graphic novels (que têm preços diferenciados).
A Diamond também distribui action figures e colecionáveis criados pelas editoras e outras empresas relacionadas. É por aí que os bonecos da DC Direct vão para as comic shops, por exemplo. Também há um ranking específico para isso.
Apesar da distribuidora não revelar números absolutos, é possível estimá-los a partir do índice que é divulgado. O ComiChron faz um ótimo trabalho desse sentido. Por isso, dá pra saber que a mesma Guardians of the Galaxy #1 vendeu mais de 211 mil exemplares apenas em março.
E, quando se fala “vendeu”, lembre-se: para as comic shops. Se encalhar algo na loja, não é mais uma preocupação da editora ou da distribuidora. Por isso as vezes surgem informações de quem uma revista teve mais de 100 mil exemplares vendidos, mas que são encontrados com facilidade nas lojas…
E as bancas?
Basicamente, a venda de quadrinhos nas bancas morreu nos Estados Unidos.
Uma banca cheia de gibis. Só que isso é de 1975...
Há, claro, alguns exemplares ou publicações que aparecem nelas. Podem ser edições especiais, ou ainda gibis direcionadas a um público mais infantil (que não vai tanto nas comic shops). Porém, o grosso disso tudo fica restrito ao mercado direto. O que é, por um lado, é bem ruim.
As bancas possuem um público muito mais amplo. A pessoa poderia ir lá comprar o USA Today, aTime, o que for, e ver uma publicação do Batman, gostar da capa e levar pra casa. No formato de hoje, fica difícil trazer esse cara que, por impulso, compraria um gibi e poderia se tornar um novo leitor.
As comic shops acabam sendo dominadas por um público muito específico. Claro, o balconista pode sugerir uma revista nova, um personagem novo. Só que isso acontecerá para o mesmo cara de sempre. Fica difícil ter a compra por impulso por parte de um novo leitor em potencial.
Isso acaba estimulando as grandes sagas, mortes e tudo mais que vemos atualmente. Vingadores vs. X-Men, por exemplo, atrai uma atenção nova, já que são duas franquias de sucesso juntas. É algo que pode fazer um não-leitor sair de casa, ir até uma loja (que nem sempre é perto) para comprar uma revista. A morte de alguém importante também funciona da mesma forma.
Esse foi um dos motivos do reboot da DC em 2011. A editora queria pegar esse cara que não vai até as comic shops nas quartas-feiras e mostrar pra ele que, a partir daquele momento, existia um fato novo, uma janela que o permitiria finalmente ler Superman, Batman, Mulher-Maravilha e por aí vai. Era o momento ideal para começar uma nova rotina.
Isso tudo tem surtido efeito. Depois de alguns anos de marasmo, o mercado de quadrinhos está crescendo. Só para ficar no exemplo de março, o ComicChron informa que as vendas foram 20% melhores que há um ano, 29% maiores que há dez anos e 1% maiores que há 15, quando as editoras estavam em um grande crescimento. Nos três primeiros meses de 2013, foram vendidos 17% mais gibis que no mesmo período do ano passado.
Os números consideram apenas as revistas mensais. Nos encadernados, o crescimento é ainda maior.
Comic shops assim são poucas, mesmo nos EUA
Ainda assim, as editoras estão buscando novas alternativas. A DC, por exemplo, lançou a linhaEarth One, com encadernados que possuem as livrarias como principal foco. Não deixa de ser uma oportunidade de conquistar um público que nunca pensou em ler HQs.
Venda digital
Outro caminho que está surgindo é a internet. Nos últimos anos cresceu bastante a venda de gibis digitais para tablets, smartphones e e-readers. O ComiXology se consolidou como a principal força desse mercado. Além de ter o próprio aplicativo (que traz as principais editoras), a empresa fornece tecnologia para Marvel, DC e Image, que possuem aplicativos e sites próprios para venda.
Se por um lado os leitores sentem falta do físico, as editoras só têm elogios. Sem o custo da impressão e da distribuição, as margens de lucro são maiores. Também não existe a limitação da tiragem, é possível vender uma revista para todo o mundo no dia do lançamento e facilita na venda de edições antigas, já que basta que elas sejam digitalizadas.
Hoje, as edições digitais saem no mesmo dia que as revistas físicas são lançadas. Apesar disso tudo, não dá para acreditar, ainda, no fim da venda física, mas sim numa consolidação do digital.
Até porque é bom lembrar: as editoras PRECISAM das comic shops e seus funcionários. São principalmente eles que convencem os leitores a apostarem em novas publicações e/ou heróis.
E no Brasil?
Por aqui ainda vivemos no bom e velho tempo da banca. O que não é ruim.
Existem algumas comic shops, mas elas são insuficientes para sustentar todo um mercado editorial — que também é pequeno, aliás. As bancas, por outro lado, estão em cada esquina, além de facilitar a atração de novos leitores.
Em todas estas décadas, o Brasil se adaptou da forma que deu. Se não há espaço para dezenas de gibis mensais em bancas e comic shops, as editoras criaram as chamadas “revistas mix”, que mesclam em apenas um título várias publicações estadunidenses. Isso torna possível emplacar HQs que, apesar de boas, não teriam sucesso sozinhas.
Recentemente a Panini até que tentou apostar na criação do mercado direto. Foram lançados quatro gibis exclusivos de Os Novos 52 (o reboot da DC) para as comic shops. Apesar do sucesso das publicações de banca, as do mercado direto não tiveram sucesso e foram canceladas.
Bom, ao menos as seguidas tentativas de impulsionar o mercado direto nos EUA também surtiram efeito no Brasil. Para você ter uma ideia, a DC tem hoje NOVE revistas mensais por aqui, fora os especiais. É algo inédito na história da editora.
E é assim que se vende gibi nos EUA — e no Brasil. ;)

domingo, 23 de dezembro de 2012

Mercado de blindados mira cidades fora do eixo Rio-SP


País é líder mundial no setor, com 70 811 veículos blindados em circulação. Expansão do setor chegou ao Norte e Nordeste, e agências investem em blindagem para a classe C

Kamila Hage
Serviço de blindagem de automóveis em fábrica paulista
Serviço de blindagem de automóveis em fábrica paulista (Divulgação)
O Brasil é líder mundial no setor dos carros blindados, com 70 811 automóveis protegidos, segundo a Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin). Só nos primeiros seis meses de 2012 foram modificados 4.275 veículos. A novidade é que o mercado, que se consolidou no Rio de Janeiro e em São Paulo durante a década de 1990, está se expandindo agora para outros estados que têm índices crescentes de criminalidade, como Pernambuco e Pará. Ao mesmo tempo, o serviço passa por um momento de popularização. Em busca das classes B e C, as empresas começaram a oferecer níveis de blindagem mais baratos.
Descentralização – Pela primeira vez, o levantamento da Abrablin, feito de seis em seis meses, apontou produção de blindados fora do eixo Rio-São Paulo. São Paulo, por seu peso econômico e demográfico, segue disparado na primeira colocação, respondendo por 70% da produção de blindados. Por razões semelhantes, o Rio vem em segundo lugar, com 12% do mercado. Contudo, essa concentração tende a cair com o passar dos anos. Pernambuco ocupa hoje o terceiro lugar no ranking brasileiro de blindagem, com 4% do mercado, seguido pelo Pará, com 3%, e pelo Paraná, com 2%.
Em primeiro lugar, segundo o estudo “Mapa da Violência”, desenvolvido pelo Instituto Sangari com informações dos ministérios da Saúde e da Justiça, as estatísticas paulistas e fluminenses de latrocínios e homicídios mostraram retração entre 2000 e 2010 de, respectivamente, de 67% e 48%. Enquanto isso, no Pará, por exemplo, houve aumento de 253%; no Maranhão, de 269%; e na Bahia, de 303%. Entre as regiões brasileiras, o Sudeste foi a única a ter queda nestes indicadores, enquanto as outras quatro mostraram crescimento, sobretudo o Norte e o Nordeste. Pará e Pernambuco ocupam, respectivamente, a terceira e a quarta posições na lista dos estados com maior número de homicídios, segundo o "Mapa da Violência". Paraná está em nono lugar.
Fábio de Mello, responsável pela análise de mercado da empresa Concept Blindagens, uma das maiores do Brasil, explica que a marca investe em regiões com alto índice de criminalidade, uma vez que o potencial de clientes nesses locais é maior.  “As pessoas sempre estão em busca de segurança”, diz. Contudo, ele diz que o crescimento do mercado de blindados nesses estados – Pernambuco, Pará e Paraná – está ligado também à melhoria econômica e ao modismo. “As pessoas se baseiam muito na opinião dos parentes e conhecidos que usam o blindado e aprovam”, explica.
Jorge Lordello, especialista em segurança pública e privada, concorda com Fábio. “Quando uma pessoa compra, acontece o efeito cascata”, diz. “Pernambuco tem altos índices criminais. Assim, a camada social que pode ter acaba comprando.” 
o mercado de blindados no Brasil
Populares – Os veículos blindados atravessam também um momento de popularização, o que significa que, em média, os preços têm diminuído com o passar dos anos. Até 2002, por exemplo, o serviço era avaliado em dólares por causa do expressivo volume de componentes estrangeiros que utilizava e que o encarecia. Desde então, as empresas brasileiras desenvolveram tecnologia própria e a blindagem mais comum no país – a do tipo III-A, que defende o veículo de todas as armas de cano curto e submetralhadoras – passou de 60 000 dólares (mais de 120 000 reais) para 46 650 reais, em média.
O valor segue elevado para o padrão de renda do brasileiro. Contudo, na tentativa de expandir seu mercado e atingir as classes B e C, as companhias já oferecem níveis de blindagem ainda mais baratos, como o II-A e o II. Ambos protegem o carro contra armas de cano curto e podem custar menos de 20 000 reais. “As pessoas, muitas vezes, economizam no valor do carro para poder blindá-lo”, afirma Christian Conde, presidente da Abrablin. 
Ele lembra que outro fator que ajuda na popularização desses veículos é o maior número de parcelas oferecidas pelas empresas no financiamento da blindagem – uma consequência do amadurecimento do mercado de crédito doméstico e da redução das taxas de juros. O serviço, que no passado só podia ser dividido apenas em duas vezes (50% de entrada e 50% na entrega do veículo), agora conta com linhas de crédito com prazos de 30 meses.

Como funciona a blindagem no Brasil

Para proteger um veículo (vidros, lataria e pneus), o interessado deve antes pedir autorização ao Exército Brasileiro – órgão regulador do serviço no Brasil e responsável pela fiscalização das empresas. O documento, que custa de 250 a 500 reais, leva alguns dias para sair e tem como requisito básico a apresentação do atestado de antecedentes criminais. Pessoas com a ficha suja não podem adquirir a licença. 
A blindagem no país é dividida em seis níveis, mas 90% do mercado brasileiro usa o III-A. Acima deste nível está o III, que oferece proteção a alguns tipos de fuzil. Ele representa apenas 5% do mercado e tem autorização restrita. “Nesse caso, o Exército vai perguntar os motivos para tal proteção”, explica Christian Conde, presidente da Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin). O mais potente é o nível IV, que protege o veículo de todas as armas, além de granadas e munições específicas para furar blindagem. A categoria, contudo, não é permitida para civis. 
Depois de efetuada a blindagem, o contratante deve levar o veículo para passar por uma revisão no Departamento Estadual de Trânsito (Detran), com a finalidade de regularizar o documento do automóvel.  Conde alerta: “Sem esse processo, o carro pode ser apreendido em uma eventual blitz policial”. A análise do Detran também verificará se a empresa que efetuou o serviço realmente usou os itens declarados no veículo. Esse processo evita que algumas companhias mal-intencionadas vendam um nível de blindagem e instalem outro menos eficaz.  
Conde ressalta que a proteção de um veículo blindado não exclui cuidados do usuário. Ele deve sempre estar sempre atento no momento em que entra ou sai do carro. Também é indicado que mantenha certa distância de outros veículos para não ser vítima de uma emboscada com, por exemplo, uma rajada de tiros. Nesse caso, até mesmo o nível III-A pode ser perfurado.
Fonte: Veja Online

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

BRUTUS 750: A ROBUSTA


Uma das motos mais curiosas da Feira EICMA de Milão 2012  é o novo conceito de motocicleta Brutus 750, uma referência aos “jipões”  oferecidos pelo mercado automotivo. A moto parece ser capaz de enfrentar qualquer tipo de terreno, embora não deva ser muito fácil de manobrar, porque deve ser bem pesada (peso não foi declarado pelo fabricante) tem pneus muito largos (26X8-14 e 26X10-14) acoplados a pneus Maxxis Big Horn, que dão ao veículo de duas rodas o que olhar.

O motor é um grande monocilíndrico de 4 válvulas e comando DOHC alimentado por injeção capaz de entregar a potência máxima de apenas 45 CV. Um diferencial é o câmbio tipo CVT que oferece a possibilidade de receber marcha reduzida para enfrentar neve e até marcha-ré. A suspensão dianteira é tipo garfo telescópico regulável e a traseira monoamortecida. O freio conta com discos de pinça flutuante na dianteira e na traseira. O painel de instrumentos é totalmente digital. A ponteira do escapamento é da Arrow.





A robusta moto Brutus 750



A robusta moto Brutus 750




A robusta moto Brutus 750



A robusta moto Brutus 750






A robusta moto Brutus 750

Fonte: batalhax.com.br

domingo, 26 de agosto de 2012

Nikon lança primeira câmera com sistema Android




Fotos da Nikon Coolpix 800c haviam vazado na última terça-feira (21), e nesta quarta-feira (22) o lançamento foi confirmado pela Nikon. A câmera Coolpix 800c é a primeira do mercado equipada com sistema Android, do Google, originalmente criado para celulares.

A câmera chega aos Estados Unidos em setembro pelo preço de US$ 350 (cerca de R$ 700). A Coolpix tem sensor CMOS de 16 megapixels, zoom óptico de 10x, lentes Nikkor, GPS e Wi-Fi. A câmera captura vídeos com qualidade Full HD (1.080p).

A parte traseira da câmera é ocupada quase totalmente por uma tela OLED sensível ao toque de 3,5 polegadas. É por meio dela que o usuário acessa os recursos do Android (versão 2.3.3), como a loja de aplicativos Google Play. 

O uso do Android facilita também o compartilhamento de fotos em redes sociais, já que isso pode ser feito por meio dos próprios aplicativos. Outra vantagem é a possibilidade de usar aplicativos de edição de imagem feitos para Android na própria câmera. 

O blog Engadget, que teve acesso à câmera, chamou atenção para um recurso que permite tirar fotos sem esperar pela inicialização do Android. Quando a câmera é ligada, ela entra imediatamente em modo de disparo. Paralelamente, o Android é iniciado e leva cerca de 30 segundos para subir por completo.

Fonte: http://tecnologia.ig.com.br/2012-08-22/nikon-lanca-primeira-camera-com-sistema-android.html#

sábado, 18 de agosto de 2012

E SE NÃO HOUVER SAÍDA ALGUMA?




Immanuel Wallerstein especula sobre as raízes da “crise estrutural do capitalismo” – e a dura disputa pelas alternativas

Immanuel Wallerstein - Tradução: Antonio Martins - Outras Palavras

A maior parte dos políticos e dos “especialistas” tem um costume arraigado de prometer tempos melhores à frente, desde que suas políticas sejam adotadas. As dificuldades econômicas globais que vivemos não são exceção, neste quesito. Seja nas discussões sobre o desemprego nos Estados Unidos, os custos alarmantes de financiamento da dívida pública na Europa ou os índices de crescimento subitamente em declínio, na Índia, China e Brasil, expressões de otimismo a médio prazo permanecem na ordem do dia.

Mas e se não houver motivos para elas? De vez em quando, emerge um pouco de honestidade. Em 7/8, Andrew Ross Sorkin publicou um artigo no New York Times em que oferecia “uma explicação mais direta sobre por que os investidores deixaram as bolsas de valores: elas tornaram-se uma aposta perdedora. Há toda uma geração de investidores que nunca ganhou muito”. Três dias depois, James Mackintosh escreveu algo semelhante no Financial Times: os economistas estão começando a admitir que a Grande Recessão atingiu permanentemente o crescimento… Os investidores estão mais pessimistas”. E, ainda mais importante, o New York Times publicou, em 14/8, reportagem sobre o custo crescente de negociações mais rápidas. Em meio ao artigo, podia-se ler: “[Os investidores] estão desconcertados por um mercado que não ofereceu quase retorno algum na última década, devido às bolhas especulativas e à instabilidade da economia global.

Quando se constata que muito poucos concentraram montanhas incríveis de dinheiro, pergunta-se: como o mercado de ações pode ter se tornado “perdedor”? Durante muito tempo, o pensamento básico sobre os investimentos afirmava que, a longo prazo, o ganho com ações, corrigido pela inflação, era alto – em especial, mais alto que o dos papéis do Estado (bônus). Esta era a recompensa pelos riscos derivados da grande volatilidade, a curto e médio prazo, das ações. Os cálculos variam, mas em geral admite-se que, no século passado, o retorno das ações foi bem mais alto que o dos bônus, desde, é claro, que a aplicação fosse mantida.

Não se leva tanto em conta que, no mesmo período de um século, os lucros das ações corresponderam mais ou menos a duas vezes o aumento do PIB – algo que levou alguns analistas a falar num “efeito Ponzi”. Ocorre que os maravilhosos ganhos com ações ocorreram, em grande parte, no período a partir do início dos anos 1970, a era do que é chamado de globalização, neoliberalismo e ou financeirização.

Mas o que ocorreu de fato, neste período? Deveríamos notar, de início, que o período pós-1970 seguiu-se à época de maior crescimento (por larga margem) na produção, produtividade e mais-valia global, na história do economia-mundo capitalista. É por isso que os franceses chamam este período de trente glorieuses – os trinta anos (1943-1973) gloriosos. Em minha linguagem analítica, foi uma fase A do ciclo Kondratieff. Quem possuía ações neste período deu-se, de fato, muito bem. Assim como os empresários em geral, os trabalhadores assalariados e os governos, no que diz respeito às receitas. Parecia que o capitalismo, como sistema-mundo, teria um poderoso impulso, após a Grande Depressão e as destruições maciças da II Guerra Mundial.

Porém, tempos tão bons não duraram para sempre, nem poderiam. Por um motivo: a expansão da economia-mundo baseou-se em alguns quase-monopólios, nas chamadas indústrias-líderes. Duraram até serem solapados por competidores que conseguiram, finalmente, entrar no mercado mundial. Competição mais acirrada reduziu os preços (sua virtude), mas também a lucratividade (seu vício). A economia-mundo mergulhou numa longa estaganção nos trina ou quarenta anos inglórios seguintes (1970s – 2012 e além). Este período foi marcado por endividamento crescente (de quase todo mundo), desemprego global em alta e retirada de muitos investidores (talvez a maior parte) para os títulos do Tesouro dos Estados Unidos.

Tais papéis são seguros, ou pelo menos mais seguros, mas não muito lucrativos, exceto para um grupo cada vez menor de bancos e hedge funds que manipularam as operações financeiras em todo o mundo – sem produzir valor algum. Isso nos trouxe aonde estamos: um mundo incrivelmente polarizado, com os salários reais muito abaixo de seus picos nos anos 1970 (mas ainda acima de seus pisos, nos 1940) e as receitas estatais significativamente rebaixadas, também. Uma sequência de “crises da dívida” empobreceu uma sequência de zonas do sistema-mundo. Como resultado, o que chamamos de demanda efetiva contraiu-se em toda parte. É ao que Sorkin se referia, quando afirmou que o mercado de ações já não é atrativo, como fonte de lucros para acumular capital.

O núcleo do dilema tem a ver com as contraiços centrais do sistema. O que maximiza os ganhos, a curto prazo, para os produtores mais eficientes (margens de lucro ampliadas), oprime os compradores, a longo prazo. À medida em que mais populações e zonas integram-se completamente à economia-mundo, há cada vez menos margem para “ajustes” ou “renovações” – e cada vez mais escolhas impossíveis para investidores, consumidores e governos.

Lembremos que a taxa de retorno, no século passado, foi o dobro do aumento do PIB. Isso poderia se repetir? É difícil de imaginar – tanto para mim, quanto para a maior parte dos investidores potenciais no mercado. Isso gera as restrições com que nos deparamos todos os dias nos Estados Unidos, Europa e, breve, nas “economias emergentes”. O endividamento é alto demais para se sustentar.

Por isso, temos, por um lado, um apelo político poderoso à “austeridade”. Ela significa, na prática, eliminar direitos (como aposentadorias, qualidade da assistência médica, gastos com educação) e reduzir o papel dos governos na garantia de tais direitos. Porém, se a maioria das pessoas tiver menos, elas gastarão obviamente menos – e quem vende encontrará menos compradores – ou seja, menor demanda efetiva. Portanto, a produção será ainda menos lucrativa (reduzindo os ganhos com ações); e os governos, ainda mais pobres.

É um círculo vicioso e não há saída fácil aceitável. Pode significar que não há saída alguma. É algo que alguns de nós chamamos crise estrutural da economia-mundo capitalista. Produz flutuações caóticas (e selvagens) quando o sistema chega a encruzilhadas, e surgem lutas duríssimas sobre que sistema deveria substituir aquele sob o qual vivemos.

Os políticos e “especialistas” preferem não enfrentar esta realidade e as escolhas que ela impõe. Mesmo um realista, como Sorkin, termina sua análise expressando a esperança que que a economia terá “um impulso”; e a sociedade, “fé a longo prazo”. Se você pensa que será suficiente, posso me oferecer para vender-lhe a Ponte de Brooklin.

Fonte: Página Global

domingo, 10 de junho de 2012

Mercado da bola: Conheça os times com os elencos mais valiosos


por Tiago Mali


Some o valor dos jogadores de futebol dos gigantes espanhóis Barcelona e Real Madrid e você terá o suficiente para pagar as obras de 7 dos 12 estádios brasileiros na Copa de 2014 — quer dizer, se não houver mais aumentos de gastos. Esses R$ 3 bilhões também comprariam todos os jogadores de todos os clubes da série A do Campeonato Brasileiro. Veja quão longe as equipes nacionais ainda estão das europeias nesse quesito em um ranking com as mais caras do Brasileirão. Na conta, não entra valor da marca nem estádio, só a soma das estimativas de preço de todo o elenco.
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Fonte: revistagalileu.globo.com

segunda-feira, 2 de abril de 2012

O profissional que o mercado quer


Débora Rubin
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Esqueça tudo o que você aprendeu sobre o mercado de trabalho. Estabilidade, benefícios, vestir a camisa da empresa, jornadas intermináveis, hierarquia, promoção, ser chefe. Ainda que tais conceitos estejam arraigados na cabeça do brasileiro – quem nunca ouviu dos pais que ser bem-sucedido era seguir tal cartilha? –, eles fazem parte de um pacote com cheiro de naftalina. O novo profissional, autônomo, colaborativo, versátil, empreendedor, conhecedor de suas próprias vontades e ultraconectado é o que o mercado começa a demandar. O modelo tradicional de trabalho que foi sonho de consumo de todo jovem egresso da faculdade nas últimas duas décadas está ficando para trás. É a maior transformação desde que a Revolução Industrial, no século XVIII, mandou centenas de pessoas para as linhas de produção, segundo a pesquisadora inglesa Lynda Gratton, professora da London Business School e autora do livro “The Shift: The Future is Already Here” (“A mudança: o futuro já começou”, em tradução livre).

Nas novas gerações esse fenômeno é mais evidente. Hoje, poucos recém-formados se veem fiéis a uma única empresa por toda a vida. Em grande parte das universidades de elite do país, os alunos sequer cogitam servir a um empregador. “Quando perguntamos onde eles querem trabalhar, a resposta é: na minha empresa”, conta Adriana Gomes, professora da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), de São Paulo. Entre os brasileiros que seguem o modelo tradicional, a média de tempo em um emprego é de cinco anos, uma das menores do mundo, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) – os americanos trocam mais, a cada quatro anos. O ritmo dinâmico inclui mudanças de função, de empregador, e até de carreira.
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O cenário atual contribui. “Estamos migrando de um padrão previsível para um modelo no qual impera a instabilidade”, diz Márcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Quem apostar na estrutura antiga vai sair perdendo, segundo a professora Tânia Casado, da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo. Isso significa, inclusive, rever o significado de profissão. “O que passa a valer é o conceito de carreira sem fronteiras, ou seja, a sequência de experiências pessoais de trabalho que você vai desenvolver ao longo da sua vida”, define Tânia, uma das maiores especialistas em gestão de pessoas do País. Dentro desse novo ideal, vale somar cada vivência, inclusive serviços não remunerados, como os voluntários, e os feitos por puro prazer, como escrever um blog.
O conceito não é novo. Surgiu em 1993 da mente futurista de Michael Arthur, professor de estratégia e negócios da Universidade Suffolk, nos Estados Unidos. Só agora, quase 20 anos depois, é que a teoria começa a virar realidade. De acordo com sua tese, a carreira sem fronteiras é aquela que se apoia no tripé “por quê, como e com quem”. “É preciso se perguntar o que você quer da sua vida e por quê; estudar para obter a técnica necessária e, por fim, estabelecer relações nas quais exista uma troca de conhecimentos”, explica Tânia, estudiosa da tese de Michael. Ou seja, você pode até passar anos no mesmo lugar, como fizeram seu pai e avô, desde que tenha a mente flexível do profissional sem fronteiras e busque autoconhecimento, atualização constante e intercâmbio de experiências.
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O novo profissional também tem que ter jogo de cintura para os novos arranjos trabalhistas. “A tendência é ter mais flexibilidade na remuneração, no tempo de duração da atividade, no conteúdo e no fuso e local de trabalho”, destaca Werner Eichhorst, diretor do Instituto de Estudos sobre o Trabalho de Bonn (IZA, sigla em alemão), na Alemanha. O home-office, prática de trabalhar em casa que começa a ganhar terreno, será a realidade de milhões de brasileiros nos próximos dez anos, sobretudo nas grandes cidades sufocadas pelo trânsito.
A revolução trabalhista está na pauta do dia por diversas razões. Em seu livro, Lynda Gratton apresenta o resultado de um estudo feito com 21 companhias globais e mais de 200 executivos na London Business School. Do extenso debate, ela elegeu as cinco forças que estão moldando o trabalho e, claro, seus profissionais. Em primeiro lugar, está a tecnologia. Como na Revolução Industrial, quando as máquinas aceleraram a produtividade, hoje a vida em rede e os recursos de ponta eliminam uma série de empregos e modificam outros tantos. No cenário brasileiro, há de se considerar a herança deixada pelas amargas décadas de 1980 e 1990, nas quais o desemprego e a terceirização explodiram – segundo Pochmann, o número de trabalhadores sem carteira assinada e por conta própria subiu de 11,7% para 58,2% somente entre 1985 e 1990. Nos últimos anos, o desemprego vem diminuindo e a formalização aumentou. Esse crescimento, porém, se deve mais pela geração de novos postos de trabalho com carteira assinada do que pela regularização do trabalho informal. Hoje, 45% dos brasileiros ativos não são registrados, de acordo com o Ipea. 

Outras três forças citadas por Lynda Gratton são globalização, mudanças demográficas e preocupações ambientais. A primeira traz com ela a entrada de novos países no grande jogo econômico global – como o próprio Brasil. A segunda diz respeito à quantidade de gente no mundo – seremos nove bilhões em 2050 –, e à maior expectativa de vida. E a terceira tem a ver com as mudanças necessárias na forma de produzir e consumir para reduzir os impactos no meio ambiente. Por fim, a autora destaca a quinta força: as tendências de comportamento humano. Mais gente viverá só, as famílias serão menores e as relações afetivas serão foco de maior atenção. Trabalhar em casa ou próximo da moradia, mais que uma questão sustentável, será uma opção pelo bem-estar, algo que o brasileiro já valoriza. Em uma pesquisa feita pela Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), no começo do ano, a meta profissional mais desejada em 2012 pelos entrevistados é “melhorar a qualidade de vida”, acima até da opção “ganhar mais”. “O workaholic está saindo de moda”, afirma a professora Adriana Gomes, da ESPM. “Aos poucos, as pessoas foram percebendo que a produtividade delas caía a médio e longo prazos.”
Não é só o profissional que deve estar preparado para tamanha virada. As empresas, sobretudo as grandes corporações que se expandiram ao longo dos últimos 20 anos, também precisam arejar suas convicções. Uma das principais mudanças é dar mais autonomia para que o funcionário crie, produza e evolua sem ficar estafado. Tânia Casado, da USP, coordena um grupo de estudo que tem se debruçado sobre um tema fresquinho, curioso e fundamental para o mundo corporativo: o “opt-out”. Trata-se da prática, ainda pouco conhecida e aplicada, na qual as pessoas podem continuar sua trajetória dentro de uma empresa sem ter que necessariamente seguir a trilha convencional de subir na hierarquia. “Executivos de grandes grupos me procuram preocupados com a fuga de talentos e me perguntam o que podem fazer para retê-los”, diz a professora. Isso inclui principalmente mulheres que gostariam de passar mais tempo com seus filhos após a licença-maternidade, sem abrir mão da carreira. A resposta de Tânia é: opt-out. Ofereça opções ou os talentos vão embora. Principalmente em um momento bom da economia.
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O desafio de lidar com esse novo perfil é tão grande que é o tema do Congresso Anual de Gestão de Pessoas (Conarh) deste ano, que será realizado em agosto. “Os profissionais, em especial os jovens, guiam suas carreiras por suas causas e valores”, diz Leyla Nascimento, presidente da ABRH, que organiza o evento. “Se percebem que seu empregador não compra a sua causa, ele simplesmente vai embora.” Outra insatisfação grande, segundo ela é não ser reconhecido, cobrado e valorizado, o que exige melhorias na comunicação e na forma como as lideranças atuam. Até mesmo o uso das redes sociais é visto como uma questão estratégica. “É uma realidade e não pode mais ser ignorada.” 

Nas empresas de médio porte, em especial as de tecnologia, esse novo profissional já encontra território acolhedor. Na Conectt, os 150 funcionários têm a liberdade de propor ideias a qualquer momento. São eles que decidem também os programas de bem-estar, além de desfrutar de horários maleáveis. Alguns designers nunca pisaram na sede da empresa, em São Paulo, e trabalham remotamente de diferentes pontos do Brasil. No ano passado, um programador recém-contratado avisou que sairia em seguida para passar uma temporada na Austrália. Foi incentivado e lhe asseguraram que teria sua vaga na volta. Segundo o sócio-diretor Pedro Waengertner, o importante é a equipe entregar o trabalho, independentemente da quantidade diária de horas trabalhadas, e ela se sentir parte fundamental do processo. “O funcionário é um ativo valioso e, para reter os melhores, é preciso ter flexibilidade”, diz ele.
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Nesse cenário de mudanças aceleradas, a legislação trabalhista brasileira é um entrave. Criada em 1943 por Getúlio Vargas e alterada em poucos detalhes ao longo das últimas décadas, a essência da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) corresponde a um Brasil que já não existe. A rigidez da CLT, que impede, por exemplo, a opção de meio período para várias profissões, é o ponto mais criticado pelos especialistas. Um estudo realizado no ano passado pelo IZA, de Werner Eichhorst, em parceria com a USP, faz um comparativo entre os dois países e mostra que a possibilidade de os funcionários alemães negociarem seus salários diretamente com os empregadores, sem sindicatos nem governo no meio, ajudou a salvar 350 mil postos durante a crise de 2008. No Brasil, a pesquisa aponta a cultura de desconfiança entre as partes como fruto de uma lei extremamente paternalista. Resultado: dois milhões de casos julgados na Justiça do Trabalho a cada ano. 

Apesar do embaraço legal, o mercado trata de pressionar, na prática, por mudanças. “Os empregadores vão achando as brechas até alguém ter a coragem de mudar”, acredita a professora Adriana, da ESPM. O governo Dilma acena com transformações. Irá propor ao Congresso duas novas formas de contratação, a eventual e a por hora trabalhada. As alterações podem dar mais dinamismo ao mercado e permitir que quem dá expediente dois dias na semana ou três horas por dia seja integrado formalmente à força produtiva do País. Se a proposta for adiante, estará em maior sintonia com a realidade atual. Afinal, a revolução no mundo do trabalho já começou.

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Fonte: Istoe.com.br

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