Mostrando postagens com marcador ficção. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador ficção. Mostrar todas as postagens

domingo, 16 de julho de 2023

A BANCA DO VÔ [Um conto de Rogério Rocha]

Fotos Empresa Chocolate, 76.000+ fotos de arquivo grátis de alta qualidade 

Fonte: Freepik


Por Rogério Rocha

 

No final de tarde a gente chega. As crianças passam e olham. A banca de bombons do vô está na praça. É um sucesso. Sei que é porque sempre tem alguém querendo comprar alguma coisa.

Os meninos jogam bola aqui perto. As meninas pulam corda, dançam ou brincam de amarelinha. Depois encostam. Tem bolinhos, doces, chocolates e balas. Tudo que elas gostam.

Quase todo dia a gente monta a banca. Eu venho com ele. Fico ao lado brincando com meu carrinho. Trago sempre uma garrafa com água e uma sacola com o lanche. Às vezes dá fome, sede, mas eu estou sempre aqui com ele. O vô gosta muito de mim.

Meu pai nunca vem. Ele fica em casa. Diz que precisa cuidar das entregas. Uns saquinhos que vende para o pessoal da comunidade. Neles eu não posso mexer, o pai sempre diz. Ficam guardadinhos, mas nem sei onde.

Quando os adultos vêm comprar, o vô entrega os bombons, mas eles escondem logo. Botam no bolso ou na mochila. Não gostam da praça. Saem ligeirinho, com cara estranha. Acho que os pais deles estão esperando em casa. Podem apanhar se demorarem na rua. Deve ser bem por isso.

Na minha casa não falta nada. O pai e o vô sabem ganhar dinheiro, viu. Até quando já é bem tarde, e estou quase dormindo, bate gente na porta atrás de um docinho.

Essa semana um menino chegou na banca com os olhos vermelhos. Acho que estava com sono. Com sono ou chorando, não sei. Mas ficou feliz. Abriu um sorriso quando levou umas balinhas.

Na praça também tem meninas. Umas moças que falam baixinho e gostam de sorrir. São muito bobas. Riem à toa. Até sem ter piada. Eu não entendo, mas acho engraçado.

Tem dia que vamos embora mais cedo. Afinal, meu vô não gosta quando tem polícia. Parece que fica preocupado. Guarda uma parte das coisas numa caixa de papelão. Depois me olha sério, diz para eu pegar meu brinquedo e guardar na sacola. Ele fala no celular e, não demora, aparece um moço do táxi que leva a gente para casa. Gosto muito de andar de táxi.

Também não demora para mudar de bairro, sabe! Toda semana é um lugar diferente, outra praça em outro bairro. Muda a paisagem, mudam as pessoas, mas os bombons não.

Ah, um dia ainda vou ser como o vô.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Uma nova mitologia

J. R. R. Tolkien

A época é o começo da década de 1930; o lugar, o escritório de uma casa modesta em Oxford, na Inglaterra. O sujeito sentado na escrivaninha, um professor universitário de meia-idade, está de língua de fora depois de corrigir centenas de provas de uma espécie de Enem britânico daquela época - trabalho braçal e chato, mas indispensável por causa da grana extra que trazia, em especial para alguém com quatro filhos para sustentar. O professor fica até emocionado quando vê que um dos estudantes deixou uma folha inteirinha em branco, permitindo que ele descansasse um pouco. Sabe-se lá o porquê, ele se vê tomado por um impulso irresistível de escrever naquela página uma frase enigmática: "Numa toca no chão, vivia um hobbit".

O resto é história. Na tentativa de "descobrir" que diabos era o tal hobbit, nosso professor, John Ronald Reuel (ou simplesmente J.R.R.) Tolkien, acabaria consolidando um dos universos de ficção mais amados (e lucrativos) da história. Seus livros venderiam centenas de milhões de exemplares no mundo todo, sem falar nos bilhões de dólares abocanhados pelas adaptações de sua obra-prima, O Senhor dos Anéis, para o cinema. E tudo indica que mais bilhões virão por aí com a versão cinematográfica em três partes do livro que surgiu a partir da frase misteriosa, O Hobbit - o primeiro filme chega neste mês.

Até aí, nada que J.K. Rowling (Harry Potter), ou até George R.R. Martin (A Guerra dos Tronos) também não tenham conseguido fazer, certo? De fato, mas é difícil negar que, cifras à parte, Tolkien ocupe uma categoria só dele. E não só pelo fato de ele ter criado, praticamente sozinho, o gênero da fantasia épica (ou a mania de autores desse gênero de usar iniciais para assinar seus livros). Tolkien é único porque nenhum autor, antes ou depois dele, conseguiu reproduzir com tamanha precisão a maneira como funcionam as mitologias "de verdade" (como a grega ou a escandinava).

Quando começou a escrever ficção, nas trincheiras e acampamentos militares da Primeira Guerra Mundial, Tolkien tinha como ambição criar "uma mitologia para a Inglaterra". No fim das contas, ele acabou conseguindo realizar algo bem mais grandioso: uma nova mitologia para o mundo inteiro.

Em certo sentido, Tolkien era o cara perfeito para a tarefa por causa de sua formação peculiar. Como professor na Universidade de Oxford, sua especialidade era a filologia, uma espécie de arqueologia linguística e literária.

Uma das tarefas dos filólogos é entender como as línguas evoluem - explicar, por exemplo, todas as modificações de sons e significados que fizeram uma palavrinha em latim, como tripalium, nome dado a um instrumento de tortura, virar "trabalho" em português.

Como esse exemplo indica, trata-se de um exercício que, além de ajudar muito na hora de criar dicionários e gramáticas, tem relevância direta para entender como as palavras expressam as ideias, as lendas e a história de um povo (no caso, deixa claro como os falantes das línguas latinas tinham sérias reservas quanto a esse negócio de trabalhar...). As descobertas da filologia "não trazem informações apenas sobre palavras, mas, principalmente, sobre as pessoas que as falavam", resume o filólogo britânico Tom Shippey, um dos principais estudiosos da obra de Tolkien, hoje aposentado depois de lecionar em Oxford e nos EUA.

As pesquisas filológicas, que ganharam enorme impulso ao longo do século 19, também permitiram outro tipo de arqueologia: a compreensão cada vez mais precisa de línguas e literaturas muito antigas ou praticamente "perdidas". E aí é que o bicho pegou para Tolkien. Explica-se: graças às técnicas filológicas, que incluem, por exemplo, a comparação de palavras em vários idiomas aparentados e a compreensão de como os sons das palavras tendem a mudar, textos antes difíceis, obscuros ou mesmo ilegíveis passaram a ficar mais claros. Isso lançou luz sobre narrativas antigas que contêm passagens quase impenetráveis para olhos modernos: a Bíblia, os épicos de Homero e - o mais crucial para Tolkien- a literatura medieval do norte da Europa. Ele descobriu esses textos - escritos em línguas como finlandês, islandês antigo, inglês antigo, galês e gótico - entre o fim do que hoje chamaríamos de ensino médio e o começo da faculdade. Acabou levando nota baixa nas disciplinas que cursava originalmente em Oxford (seu objetivo inicial era se especializar em latim e grego) por causa de seu fascínio por essas histórias estreladas por guerreiros orgulhosos, mulheres "belas como elfas", anões vingativos e, de vez em quando, algum dragão e seu tesouro.

Parece familiar, não é? A questão é que a principal característica dessas narrativas medievais que inspiraram Tolkien é o fato de pouquíssimas delas terem sobrevivido, para começo de conversa. No caso da Inglaterra do começo da Idade Média, a história é particularmente séria. Há um único grande poema épico que chegou até nós - Beowulf, a saga de um guerreiro que enfrenta ogros assassinos e um dragão. E só. Enquanto na Islândia algumas histórias ainda falavam sobre deuses (como Odin e Thor) e criaturas sobrenaturais, nada disso ficou preservado em inglês antigo.

Isso acabou deixando em Tolkien uma sensação terrível de vazio cultural, como ele explicou numa carta que enviou a um editor para tentar emplacar um de seus livros. "Desde meus primeiros dias, eu me entristecia com a pobreza de meu próprio e adorado país: ele não tinha histórias suas (ligadas à sua língua e ao seu solo), não da qualidade que eu buscava e achava (como um ingrediente) em lendas de outras terras. Havia lendas gregas e célticas, latinas, germânicas, escandinavas e finlandesas; mas nada inglês, exceto coisas empobrecidas de livros de segunda mão", escreveu ele.

Talvez você esteja se perguntando: e as histórias do rei Arthur e da Távola Redonda, não contam? "Sua naturalização [como lendas inglesas] é imperfeita", argumentou Tolkien. De fato, as lendas arturianas provavelmente tiveram seus começos entre populações celtas, que falavam galês, e que celebravam justamente a luta desses moradores nativos da Grã-Bretanha contra os anglo-saxões - invasores vindos do norte da Alemanha que, na vida real, conquistaram a Grã Bretanha e se tornaram os ancestrais dos ingleses modernos.

Pior ainda, quem realmente popularizou as histórias do rei Arthur foram escritores medievais franceses. E, ao que tudo indica, foi justamente a influência cultural da França que acabou soterrando as lendas e a literatura dos anglo-saxões depois do ano de 1066, quando Guilherme, o Conquistador - duque da Normandia, no norte da França - invadiu e subjugou a Inglaterra. Durante os 300 anos seguintes, a língua e a cultura da elite do país ficaram totalmente afrancesadas, e a memória da cultura anglo-saxã desapareceu - a ponto de até pouco tempo atrás haver dúvidas sobre se houve mesmo uma culturaanglo-saxã na ilha.

Mas Tolkien e outros filólogos da época tinham convicção de que, sim, ela existiu um dia, até porque Beowulf e os outros poucos poemas anteriores a 1066 continham breves alusões a personagens e histórias que apareciam em textos da Alemanha e da Escandinávia. Em seu livro The Road to Middle-earth ("A Estrada para a Terra-média", sem versão em português), Tom Shippey argumenta que a ficção de Tolkien é, em grande medida, uma tentativa de reconstruir esses cacos num conjunto bem organizado, que fizesse sentido e contasse uma grande história mitológica. De fato, é o que o filólogo-escritor parece ter feito, começando com a criação do mundo, no conjunto de textos publicado com o título de O Silmarillion após a morte dele. O perfeccionista Tolkien nunca conseguiu concluí-lo da maneira que desejaria em vida, mas não há dúvidas sobre as intenções do autor para a obra. A principal característica do majestoso mito da criação que inicia o livro é a tentativa de casar figuras parecidas com deuses pagãos com a ideia de que existiria um único Deus com D maiúsculo.

Esse Deus, Eru Ilúvatar, teria criado primeiramente um grupo de seres semelhantes aos anjos bíblicos, mas com um papel bem mais ativo: seriam os responsáveis por colocar em prática o plano divino para o Universo e por governar a Terra em nome do Criador. É claro que o poder acabaria subindo à cabeça de um desses "vices" cósmicos, que se rebela contra Deus. Trata-se de Melkor, a versão tolkieniana do Diabo. Essa figura satânica foi o mestre de Sauron, o vilão de O Senhor dos Anéis. A partir dessa cena inicial, o escopo grandioso da obra se mantém. Um dos motivos pelos quais a saga supera em complexidade todas as demais mitologias é justamente a maneira como autor arquitetou todo o processo de transmissão dessas histórias de uma geração para outra.

O primeiro truque que o filólogo empregou para isso parece loucura: fingir que ele não escreveu os livros, só os traduziu a partir de manuscritos antigos. O Senhor dos Anéis e O Hobbit seriam, pela lógica tolkieniana, apenas a tradução do "Livro Vermelho do Marco Ocidental", manuscrito que reuniria as memórias dos hobbits Bilbo, Frodo e Sam - J.R.R. realmente afirma isso nos prólogos e apêndices dos livros. E a coisa vai mais longe.

Tolkien sabia muito bem como os manuscritos medievais do mundo real englobam várias versões diferentes do mesmo livro, incluindo coisas como erros de ortografia, modificações feitas de propósito pelos escribas, anotações feitas nas margens etc. O escritor tirou partido desses detalhes para resolver uma pequena inconsistência entre O Hobbit, publicado em 1937, e O Senhor dos Anéis, cujo volume 1 saiu em 1954. É que, na primeira edição de O Hobbit, o personagem Gollum - aquele que chama o Anel de "meu Preciosssso" - até que era um sujeito gente fina. Quando propõe ao hobbit Bilbo um duelo de adivinhações, Gollum não só aposta de bom grado o Anel como prêmio pela vitória na disputa como, ao ser derrotado, aceita sem problemas. E até pede desculpas a Bilbo por não poder dar ao hobbit o Anel prometido (Gollum não sabe que, num lance de sorte, Bilbo já tinha pegado o objeto). "Nem sei quantas vezes Gollum implorou o perdão de Bilbo", escreve o narrador do livro. "Ele não parava de dizer: `Sssentimosss muito; nóss não queríamosss trapacear, queríamosss dar a ele nosssso único presente, se ele ganhasssse a competição¿. Ele até se ofereceu para pegar para Bilbo uns peixes suculentos como consolação."

Parece uma maluquice perto do Gollum sombrio dos filmes. É que, nessa versão da história, o Anel era só um artefato mágico - Tolkien ainda não havia decidido que o objeto era o "Um Anel" todo-poderoso do demoníaco Sauron. As edições posteriores de O Hobbit retratam um Gollum torturado pela posse do Anel.

Mas como conciliar as duas versões da história? Fácil: no prólogo de O Senhor dos AnéisTolkien diz que havia variantes do manuscrito escrito por Bilbo. Algumas cópias preservavam a versão "boazinha" da história - que o hobbit, já influenciado pelo Anel, inventou para afirmar que Gollum teria lhe dado o artefato de livre vontade. É o tipo de manipulação ideológica responsável, no mundo real, por versões alteradas de textos da Bíblia, por exemplo.

Outro fator importantíssimo para a ilusão de que os textos da Terra-média são uma mitologia "de verdade", com milhares de anos, e não a criação de um autor único ao longo de algumas décadas, é a maneira cuidadosa como Tolkien reciclava as próprias histórias. O que acontece é que as narrativas mais importantes de sua mitologia possuíam inúmeras versões: algumas mais curtas, outras mais longas, às vezes em prosa, outras vezes na forma de poesia (com centenas de versos). É um processo comum no caso de mitos reais, que eram transmitidos de geração em geração pela tradição oral e acabavam assumindo as formas mais diversas.

Graças a essa gigantesca massa de textos, Tolkien conseguia realizar truques como a citação, em meio à narrativa em prosa de O Senhor dos Anéis, de um "antigo" poema da época de O Silmarillion. Com isso, o leitor acaba tendo a impressão, mesmo que inconscientemente, de que existe uma tradição cultural gigantesca por trás de tudo.

E, claro, nenhum outro autor foi tão longe na viagem mental de criar idiomas para seu mundo fictício. A originalidade dele nesse quesito envolveu, mais uma vez, o rigor da filologia. Em vez de simplesmente inventar o vocabulário e a gramática das cerca de dez línguas de seu mundo, ele começava com um idioma ancestral (o equivalente do latim para o português, o espanhol, o francês e o italiano, digamos) e ia derivando as diversas "línguas-filhas", seguindo regras de mudanças nos sons das palavras já conhecidas no caso de famílias linguísticas de verdade. Um trabalho hercúleo. E único, como define o professor de língua inglesa Michael Drout, do Centro de Estudos Medievais do Wheaton College, nos EUA: "Todas essas qualidades são ímpares, seja entre autores de fantasia, seja em qualquer outro tipo de literatura".

O HOBBIT (LANÇADO EM 1937)
Um grupo de 13 anões liderados por Thorin Escudo-de-Carvalho, herdeiro do reino anão da Montanha Solitária, está em busca de um especialista para invadir o interior da montanha, que fora dominada pelo dragão Smaug. Então convocam o hobbit Bilbo Bolseiro, um sujeito caseiro e nada aventuresco, que acaba sendo arrastado para um mundo de monstros, batalhas e um anel mágico.

A SOCIEDADE DO ANEL (1954)
Na primeira parte de O Senhor dos Anéis, Bilbo e seu herdeiro, Frodo, descobrem que o anel de O Hobbit na verdade é o "Um Anel", no qual foi depositada a maior parte do poder de Sauron, o segundo Senhor do Escuro. O herói Frodo forma a Sociedade do Anel, com seus amigos hobbits e o mago Gandalf, entre outros, para destruir o objeto.

AS DUAS TORRES (1954)
A Sociedade do Anel é atacada por orcs e se separa. Enquanto Frodo parte para tentar destruir o Anel, os outros hobbits do grupo são capturados. Gandalf, o humano Aragorn, o elfo Legolas e o anão Gimli precisam estimular a resistência contra as forças de Sauron. No caminho para os domínios do vilão, Frodo e Sam encontram Gollum, o antigo dono do Anel em O Hobbit, que quer recuperar o artefato.

O RETORNO DO REI (1955)
Na conclusão de O Senhor dos Anéis, os exércitos de Sauron lançam ataques contra as últimas fortalezas da Terra-média que ainda impedem o triunfo do vilão. Aragorn tenta desesperadamente deter a maré da guerra e ganhar tempo para que Frodo e Sam finalmente destruam o Um Anel e aniquilem o poder do Senhor do Escuro de uma vez por todas.

AS AVENTURAS DE TOM BOMBADIL (1962)
Coleção de poemas, alguns já publicados em O Senhor dos Anéis. Dois deles versam sobre Tom Bombadil, misterioso personagem imortal que ajudou os hobbits a sair de sérios apuros na Saga do Anel. Outros poemas falam de monstros míticos ou têm uma pegada existencial. Na introdução, Tolkienafirma que os textos representam uma espécie de cancioneiro popular dos hobbits, editado anos depois dos eventos de O Senhor dos Anéis.

O SILMARILLION (1977)
Conta a criação do mundo de Tolkien e as origens de criaturas como elfos, anões e humanos. A parte principal versa sobre as guerras entre os elfos e o primeiro Senhor do Escuro, Morgoth, na disputa pela posse das Silmarils, joias criadas pelo maior artesão élfico. Também fala sobre a ascensão e queda da ilha de Númenor, a Atlântida de Tolkien, e resume a trama da Saga do Anel sob a perspectiva dos elfos.


O PANTEÃO DE TOLKIEN
HOBBITS
No universo de Tolkien, são um ramo da "raça dos homens", mas com a metade da altura e pés peludos. Gostam da vida simples e bucólica, cultivando a terra e vivendo em tocas.

OS VALAR E OS MAIAR
São espíritos que assumiram forma semelhante à humana para governar o Universo em nome do Criador. Seu rei é Manwë, senhor dos ares.

ELFOS
São a mais antiga das duas raças de seres inteligentes. Imortais, belos e sábios, estão destinados a ceder lugar aos mortais ao longo da história da Terra-média.

HOMENS
Nessa mitologia, os humanos são os "irmãos mais novos" dos elfos. Sua mortalidade é considerada um presente do Criador, e não um castigo.

ANÕES
Criados por Aulë, o ferreiro dos Valar, eles foram "adotados" pelo Criador. Fascinados por pedras preciosas, são atarracados e barbudos (mesmo as mulheres).

ENTS
Os "Pastores das Árvores" são gigantes que guardam as florestas da Terra-média. Extremamente lentos e longevos, estão entre os seres mais antigos do mundo.

ÁGUIAS
Criaturas a serviço do rei dos Valar, Manwë, elas são inteligentes e acompanham do alto o que acontece na Terra-média. Em momentos cruciais, ajudam os bons.

MELKOR / MORGOTH
Originalmente o mais poderoso dos Valar, rebelou-se contra o Criador, consumido pelo desejo de dominar a Terra. Seu apelido, "Morgoth", quer dizer "o Inimigo Escuro".

SAURON
É o vilão de O Senhor dos Anéis. Originalmente um servo de Morgoth, acabou assumindo o papel de seu antigo mestre depois que ele foi derrotado.

DRAGÕES
São resultados de "experimentos" de Morgoth, que colocou espíritos sombrios em corpos de répteis, para servi-lo.

BALROGS
São servos de Morgoth que assumiram formas demoníacas, tornando-se um dos monstros mais temíveis do séquito do Senhor do Escuro.

TROLLS
Foram criados a partir de rochas por Morgoth. Os primeiros trolls eram lentos, estúpidos, mas extremamente ferozes e destrutivos.

ORCS
Essas criaturas horrendas, usadas como soldados de Morgoth e Sauron, surgiram a partir de elfos torturados e desfigurados nos primórdios da Terra-média.


Para saber mais
Languages, Myths and History
Elizabeth Solopova, North Landing Books, 2009


Fonte: Revista Superinteressante, dez./2012

sexta-feira, 20 de julho de 2012

O CUBO (Cube - 1997)

 

Sinopse e detalhes:Um policial (Maurice Dean Wint), um ladrão (Wayne Robson), uma matemática (Nicole de Boer), uma psicóloga (Nicky Guadagni), um arquiteto (David Hewlett) e um jovem autista (Andrew Miller), aparentemente escolhidos a esmo, são misteriosamente presos em um labirinto de alta tecnologia, em forma de um grande cubo, no qual sequer lembram como foram parar. Sem comida nem água, eles precisam encontrar um meio de sair do local. Mas precisam também tomar cuidado para não acionar armadilhas letais, que surgem em passagens dentro de estranhos cubos.
A produção canadense é composta por uma trama instigante e original, que nos leva a proceder como os aprisionados do Cubo, ou seja, tentando entender o que fazem ali, por que razão e o que representa aquele intrincando sistema de passagens no interior do cubo. A tensão aumenta gradualmente, à medida em que o jogo de tentativas e erros avança, sem nos dar chance de saber se algum dos participantes saberá afinal encontrar a saída (se houver saída).
Em meio ao ambiente claustrofóbico das câmaras geométricas e móveis da estrutura do cubo, os personagens são forçados a conviver com suas diferenças e singularidades, testando seus limites na busca de um sentido para aquilo tuCuriosidades:
- Todos os personagens têm o nome de prisões espalhadas pelo planeta: Quentin (San Quentin, Califórnia), Holloway (Inglaterra), Kazan (Rússia), Rennes (França), Alderson (West Virginia), Leaven e Worth (Leavenworth, Kansas).
- Foi inteiramente rodado com câmeras de mão.
- Para demonstrar seu apoio ao cinema canadense, a empresa de efeitos especiais C.O.R.E. não cobrou por seu trabalho em Cubo.
Ficha Técnica:
Título: Cubo
Título original: Cube
Lançamento: 1997
Produção: Canadá
Direção: Vincenzo Natali
Atores: Nicole de Boer, Nicky Guadagni, David Hewlett,  Andrew Miller
Duração: 92 min.
Gênero: Ficção
Obs.: Lançado diretamente em vídeo no Brasil, o filme possui duas sequências, Cubo 2 - Hipercubo (2002) e Cubo Zero (2004).
Fonte: Revista Prática Jurídica - Ano XI - n.º 122 - Maio/2012 

site: www.adorocinema.com



terça-feira, 12 de junho de 2012

Ficção científica para problematizar o mundo


Professor defende em estudo que livros e filmes sobre ciência são mais benéficos ao aluno se o estimulam a questionar o contexto em que a obra foi feita, em vez de fazê-lo abraçar, de modo acrítico, o conhecimento científico.
Por: Thiago Camelo
Publicado em 09/05/2012 | Atualizado em 09/05/2012
Ficção científica para problematizar o mundo
Representação cinematográfica do personagem de ‘Eu, robô’, renomada novela apocalíptica do escritor de ficção científica Isaac Asimov. (foto: Teymur Madjderey/ Flickr – CC BY-NC-SA 2.0)
No começo, o professor de física do ensino médio Adalberto Anderlini estava animado com a ideia de usar obras de ficção científica para estimular os seus alunos a entender e se interessar por ciência. Estava tão empenhado que resolveu estudar o assunto mais a fundo em mestrado do Instituto de Física da Universidade de São Paulo.
A fascinação pela ciência debilitaria a autonomia do estudante frente ao mundo
No decorrer do trabalho, no entanto, o barco virou e a premissa de usar a ficção científica 'apenas' como forma de cativar o aluno esmaeceu. No estudo, Anderlini defende que "por meio do cientificismo da ficção científica", leva-se o estudante a "adorar a ciência, persuadindo-o a venerá-la, em uma devoção submissa". 
Para ele, essa fascinação debilitaria a autonomia do estudante frente ao mundo. Acreditar na  'verdade' do discurso científico poderia, muitas vezes, gerar insegurança no aluno diante daquele admirável, mas inalcançável, universo.
Anderlini quer a ficção científica "como uma forma de apresentar e discutir os mitos culturais que recheiam nosso imaginário". 
Por que este livro ou aquele filme tratam o alienígena e o robô desta e não daquela maneira? 
Com ideias assumidamente freirianas, o físico defende o despertar do aluno para "uma visão crítica de mundo". Deseja que o estudante se pergunte: por que este livro ou aquele filme tratam o alienígena e o robô desta e não daquela maneira? Qual seria o fundo cultural por trás das escolhas do autor da obra? 
O físico buscou apoio nos estudos da professora estadunidense Mary Elizabeth Ginway, que pesquisou a literatura fantástica brasileira e fez alegorias com o tipo de obra que era produzida no Brasil e a natureza social do país.
Segundo Anderlini, Ginway explica que, enquanto a ficção científica dos Estados Unidos geralmente abraça a tecnologia e a mudança, mas teme rebeliões ou invasões por robôs e alienígenas, a ficção científica do Brasil tende a rejeitar a tecnologia, mas abraça os robôs e tem uma visão indiferente ou exótica dos alienígenas. 
Para Ginway, continua o físico, essa visão menos alarmista de robôs e alienígenas reflete a experiência colonial brasileira,  que tornou o país menos propenso a rejeitar ou temer aquilo que é diferente.


Teoria, mas com contexto

Em conversa com o Alô, Professor, Anderlini aponta as relações que tenta estabelecer com os seus alunos:
"Tento tratar mais de questões interdisciplinares, que envolvem história e sociologia. É importante haver algum contexto, como num conto de Asimov em que ele cita, com todas as letras, a Lei da Gravitação de Newton", diz o professor, referindo-se ao escritor estadunidense nascido na Rússia Isaac Asimov (1920-1992) e ao seu conto O cair da noite.
A ficção científica é usada, por exemplo, para ensinar aos alunos do último ano do ensino médio bases de física moderna. "Leio com eles As aventuras do Sr. Tompkins, obra em que o personagem visita mundos regidos por outras leis, mundos em que a velocidade da luz pode ser baixíssima", diz Anderlini, citando o livro do escritor russo George Gamow (1904-1968).
"Essa história com a velocidade da luz alterada ajuda a compreender a teoria da relatividade, que se torna algo mais palpável", completa.
Matrix
Cena em que o personagem Neo desafia nosso conhecimento prévio e desvia de balas. 'Matrix' é um dos filmes-fetiche nas aulas do professor Anderlini, que tem 31 anos e ainda era estudante quando a obra foi lançada. (imagem: reprodução)
Uma outra estratégia do físico em sala de aula é pedir para que os alunos escolham alguma obra de ficção científica e formulem perguntas sobre elas; dúvidas que serão discutidas durante o curso. 
Uma última atividade – "Essa mais ousada", afirma Anderlini – consiste em pedir para que os alunos escrevam seus próprios contos. "Fiquei impressionado com a qualidade dos escritos,  valeu a pena, é legal ver até que ponto os estudantes absorveram a linguagem científica", diz o professor, enfatizando que talvez esse tipo de exercício não fosse possível caso ele não desse aula em uma escola Waldorf, baseada na pedagogia desenvolvida pelo austríaco Rudolf Steiner (1861-1925). Esse método, entre diversas características, detém-se às potencialidades de cada aluno e estimula atividades extracurriculares.
"Tudo é diferente na escola, os horários, a forma como o conteúdo é passado, então atividades como as que faço são estimuladas, não são rechaçadas de cara", conta Anderlini. No final de sua tese, ele defende: "Devemos abordar na escola justamente aquelas questões que limitam sua (nossa) forma de pensar, para que ele [o aluno], reconhecendo-as como tal, atue conscientemente: busque compreendê-las para delas libertar-se". 

Thiago Camelo
da Ciência Hoje On-line

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Idiomas inventados tomam conta de filmes e seriados americanos


Idiomas inventados tomam conta de filmes e seriados americanos
Na festa de casamento de seu melhor amigo na costa da Califórnia, David J. Peterson levantou-se para fazer um brinde aos recém-casados. Ele ergueu a taça de champagne e gritou "Hajas!". Os 50 convidados ergueram suas taças e gritaram, em uníssono, "Hajas!"

A palavra, que significa "seja forte" e é pronunciada "rá-djas", tem grande significado para Peterson. Ele a inventou, assim com outras 3.250 palavras que integram o idioma que criou para os Dothraki, da série de fantasia "Game of Thrones", da HBO.

Algumas pessoas constroem modelos de estradas de ferro ou reencenam batalhas da Guerra Civil, mas Peterson, 30, que estudou linguística na Universidade da Califórnia, San Diego, é um "con-langer", ou uma pessoa que constrói novas linguagens.

Até recentemente, essa busca nascida de uma paixão por palavras e estruturas gramaticais existia em websites pouco visitados ou em teses de faculdade.

Hoje, o desejo de Hollywood de dar credibilidade a filmes de fantasia e ficção científica, séries de televisão e jogos de videogame está impulsionando a demanda por línguas construídas, com regras gramaticais, alfabetos escritos (hieróglifos são aceitáveis) e vocabulário básico suficiente para algumas conversas mais triviais.

"Os dias em que os estrangeiros murmuravam besteiras sem estrutura gramatical ficaram para trás", disse Paul R. Frommer, professor emérito de comunicação da Universidade do Sul da 
Califórnia, que criou a Na'vi, língua falada pelos habitantes azuis de Pandora, no filme "Avatar". A Disney recentemente contratou Frommer para desenvolver uma linguagem marciana chamada Barsoomian para "John Carter", um filme de ficção científica com estreia prevista para março nos EUA.

Entre as tentativas de criar línguas, muitas têm efeito político específico. Na década de 1870, um médico polonês inventou o Esperanto, que pretendia ser uma linguagem internacional simplificada que traria a paz mundial.

Suzette Haden Elgin criou a Laaden, uma linguagem mais adequada para expressar os pontos de vista das mulheres. A Laaden tem uma única palavra, "bala", que significa "estou irritada por uma razão, mas nada pode ser feito a respeito."

Mas nenhuma das centenas de línguas criadas por razões sociais atraiu seguidores tão fervorosos como aquelas criadas para filmes, séries e livros, diz Arika Okrent, autor de "Na Terra das Línguas Inventadas."

"Durante anos as pessoas têm tentado criar idiomas melhores e não conseguiram realizar nada tão bem quanto a atual era da linguagem voltada simplesmente ao entretenimento", disse Okrent.
Fonte: ultimosegundo.ig.com.br

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

The X-Prize Foundation Will Give You $7 Million If You Invent a 'Star Trek" Tricorder


You probably heard of the X Prize Foundation back in 2004 when they offered (and awarded) $10,000,000 to the creators of the first privately developed reusable space vehicle. In the years since, they've offered similar prizes for fuel-efficient cars, technology to clean up oil spills, and even a private lunar rover to explore the moon. Their latest prize, however -- as spotlighted this week at the Mary Sue -- is taking its cue from science fiction.

They want you to build a Tricorder.

The stated goal of this prize -- which is called, no joke, The Quaalcomm Tricorder X Prize and has been endorsed by the son of Star Trek creator Gene Roddenberry -- is to catch us up with the 23rd century by creating a wireless, mobile device that can "diagnose patients better than or equal to a panel of board certified physicians." To that end, the real-life tricorder will have to be able to non-invasively gather basic health data like blood pressure or, presumably, the presence of any unwanted cybernetics that were implanted when you were absorbed into the Borg collective.


It's a pretty tall order, especially considering that catch: The whole thing has to weigh less than five pounds. But really, when you think about it, we're already halfway there. A great deal of the technology that seemed so futuristic when it was on TV back in 1987 has become commonplace. The schematic above touts the Tricorder's touch-screen buttons and response to voice commands, which essentially just makes it an iPhone that went to med school.

Heck, there are even people right now -- like CA's own Andy Khouri -- who insist on referring to their smartphones as Tricorders in their email signatures. Anything that gets that to stop has to be a good thing.

If nothing else, the $7,000,000 prize is bound to do exactly what the X Prize was set up for: encouraging development of beneficial technology that can help make the world better for everyone. But at the same time, I have my worries. Call me a pessimist if you will, but who knows what this could lead to? One day someone invents a medical tricorder, and then the next we've got a sentient hologram of Professor Moriarty to worry about.

I'm going to start learning how to reverse the polarity, just in case.

Fonte: Commics Alliance

Postagens populares

Total de visualizações de página

Páginas