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domingo, 14 de setembro de 2014

Por que ser gentil vale a pena

por Verônica Mambrini



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Quem tem tempo hoje em dia para segurar uma porta aberta para alguém, dar passagem a outros carros num trânsito cada vez mais maluco, ou cumprimentar as dezenas de pessoas que se chega a encontrar num dia? É difícil ser gentil, mas mais difícil ainda é conviver com a falta de gentileza dos outros. Principalmente ao dar com uma porta fechada na cara, ter a lataria do carro amassada por um apressadinho ou passar pela sensação de ser invisível. A ideia de que ser gentil vale a pena e traz benefícios tem sido comprovada por diversos estudos.
Além disso, vários projetos têm se dedicado a multiplicar essa virtude.
Esses pequenos atos fazem parte da rotina do empresário Ricardo Christe, 36 anos. Quando chega a um restaurante ou precisa ser atendido em um balcão, a primeira coisa que faz é procurar o nome do atendente num crachá, para cumprimentá-lo. "Eu acredito em melhorar como ser humano", diz. "A forma mais difícil de se transformar é no cotidiano." Para ele, que olha com desconfiança a sociedade cada vez mais ensimesmada, ouvir mais e se interessar por quem está ao seu redor é o componente básico da gentileza. "As pessoas estão tão ilhadas nos próprios problemas que não conseguem olhar em volta. Todo o resto fica irrelevante", afirma Christe.
O professor de psicologia da Universidade do Estado da Califórnia Robert Levine fez uma experiência que comprovou que o cotidiano das grangrandes cidades não faz nada bem à cortesia. Levine observou a relação entre pressa e gentileza em 36 cidades americanas, avaliando a frequência de gestos como devolver uma caneta que caiu "acidentalmente", ajudar uma pessoa cega a atravessar a rua ou colocar na caixa de correio uma carta "perdida". Nova York, terceira cidade mais rápida no estudo, foi considerada a menos gentil. RoRochester, no mesmo Estado, com um ritmo de vida bem mais lento, foi a mais prestativa. A experiência está relatada no livro "A Geografia do Tempo", de Levine.
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Mas, afinal, vale a pena ser gentil? Para a ciência, a resposta é sim. Em um estudo da Universidade da Califórnia, a psicóloga Sonja Lyubomirsky pediu aos participantes que praticassem ações gentis durante dez semanas. Todos registraram aumento na felicidade durante o estudo. Os que praticaram ações variadas, como se oferecer para ajudar a lavar a louça, fazer elogios ou segurar a porta aberta para um estranho passar, registraram níveis mais altos e prolongados de felicidade, em comparação com quem repetiu sempre a mesma atitude com diferentes pessoas. "Gentileza e boa vontade estão relacionadas à felicidade e as pessoas que tentam ser mais gentis no dia a dia tendem a experimentar mais emoções positivas e se tornaram mais alegres", afirma Sonja. O mecanismo que explica essa relação foi mais esclarecido por um estudo da Universidade Hebraica, em Israel, de 2005. A gentileza está ligada ao gene que libera a dopamina, neurotransmissor que proporciona bem-estar.
Para algumas pessoas, ser gentil não é uma escolha, mas um ofício. É o caso de Carlos de Sá Barbosa, 35 anos, funcionário da Pel Consultoria, responsável pela segurança do Hospital Copa d'Or, no Rio de Janeiro. "Trabalhamos com um público estressado. Ninguém vai a um hospital a passeio", diz. Na rotina do supervisor de segurança, sorrisos e ouvidos dispostos a escutar são fundamentais. "Você está aqui para resolver o conflito, e não aumentá-lo", diz. Existem técnicas para não estressar mais a pessoa, como nunca abordar um cliente nervoso pedindo calma, sempre olhar nos olhos do interlocutor e dar uma atenção especial a quem está mais exaltado. "Eu trabalho na área da supervisão - lido com 55 funcionários sob minha responsabilidade, além do público externo. Se não gostar de pessoas, não dá certo", afirma Barbosa. Marcos Simões, da RH Fácil, empresa que treinou a equipe do Copa d'Or, dá esse tipo de treinamento há 20 anos. "As técnicas existem, mas é importante ter um interesse real no cliente e saber ouvir com atenção", afirma. A gentileza profissional pode ter um roteiro, mas sem envolvimento sincero não convence.
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O professor de filosofia da Universidade Presbiteriana Mackenzie Jorge Luiz Rodriguez Gutierrez prefere pensar na gentileza não como um comportamento, mas como uma virtude. "Não só a gentileza parece menos cultivada, mas em geral hoje não se fala muito das virtudes. Parecem esquecidas", diz Gutierrez. Ele ressalta que ela só tem valor positivo quando associada a conceitos como generosidade ou misericórdia. "Em filmes, geralmente os nazistas que dirigem campos de concentração são gentis. Por si só, a gentileza é neutra", diz.
Para que essa virtude faça diferença, na escola Projeto Vida, em São Paulo, ela é ensinada junto com valores éticos e faz parte das atividades do dia a dia.
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Cecília Fonseca, 5 anos, está aprendendo a compartilhar e a ser gentil.
"Quero que a Cecília saiba ouvir, que possa falar, que saiba respeitar e conviver com os amigos", diz Edilene Fonseca, 41 anos, mãe da menina. Todo dia, os pequenos podem levar frutas de casa para oferecer aos colegas, em uma bandeja comunitária.
"As crianças pequenas são muito egocentradas, é uma característica da faixa etária. O grande desafio é fazê-las enxergar o outro", explica Mônica Padroni, coordenadora da escola. "Damos um sentido maior à gentileza. A polidez é ligada à convenção social, não ao respeito, à generosidade e à justiça, virtudes que valorizamos."
Pesquisas sobre o valor da gentileza, das boas maneiras e da educação na sociedade contemporânea e a promoção desses valores é o principal objetivo da Iniciativa pela Gentileza, da Universidade Johns Hopkins. "Podemos escolher a gentileza porque temos livre-arbítrio. O problema é que você pode ter sido educado em condições que não conduzem a isso", diz Pier Massimo Forni, coordenador do projeto. "Por isso, a orientação e o exemplo dos pais são tão importantes." O segundo livro do autor sobre o assunto, "The Civility Solution: What to Do When People Are Rude" (A solução da gentileza: o que fazer quando as pessoas são rudes, em tradução livre), está em processo de tradução para o português. Para Forni, a gentileza é lançar um olhar benevolente aos outros.
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Nos anos 80, José Datrino, de túnica branca e longa barba e conhecido como Profeta Gentileza, espalhava pelo Rio de Janeiro inscrições como "Não usem problemas, não usem pobreza. Usem amorrr e gentileza" (sic).
O pesquisador em filosofia e arte Leonardo Guelman é autor de "Univvverrsso Gentileza", no qual analisa as inscrições e conta a história de Gentileza. "Ele foi alguém que apontou uma crise atual nas relações humanas, e propôs como alternativa a gentileza", afirma Guelman. A mensagem está virando um projeto voltado para jovens, em escolas públicas. "Criamos um material pedagógico para ser trabalhado nos colégios, para gerar uma cultura da gentileza, sobre a obra dele. A cidade tem que se humanizar", afirma Guelman. Como dizia o Profeta, em sua frase mais famosa, "gentileza gera gentileza".

Fonte: ISTOÉ N° Edição:  2082 

quinta-feira, 10 de julho de 2014

O legado das coberturas esportivas (por Nelson Hoineff)

Nelson Hoinnef


Segundo seu biógrafo Bob Stam, foi Jean-Luc Godard quem disse que o único avanço havido em televisão foram as coberturas esportivas. Principal articulador da Nouvelle Vague e ainda hoje um dos mais instigantes cineastas do mundo, Godard, se disse mesmo isso, não tinha ideia do quanto estaria certo nos anos seguintes. O avanço das coberturas esportivas sobre tudo o que se faz em televisão é visível há muito tempo para qualquer um que observe o meio, em cada uma de suas telas, e tornou-se mais claro ainda durante a Copa do Mundo deste ano. Ele ajuda a entender também uma boa parte do fracasso da televisão contemporânea em se comunicar com os novos públicos e, de uma maneira muito especial, da sua insistência de olhar de maneira estúpida para as suas plateias. Outra vez, a tecnologia se antecipa às mudanças narrativas no veículo e estimula o público a desejar vivenciar experiências que o meio quase nunca está apto a acompanhar.

Embora ainda não existam pesquisas publicadas sobre o comportamento do telespectador brasileiro nesta Copa do Mundo, basta ter percorrido alguns lugares públicos, como bares e afins, durante os jogos, para perceber a hegemonia da televisão fechada nos monitores colocados à disposição do público nesses locais. Duas redes abertas – Globo e Band – transmitiram as partidas ao lado de várias redes fechadas – os canais SporTV, Fox Sports, ESPN etc. O sinal dos jogos era o mesmo, gerado pela FIFA. Como se explica, então, a presença mais expressiva de uma rede fechada – especialmente da SporTV – sobre a TV aberta de tão maior tradição, nos receptores colocados em espaços públicos?
A resposta mais provável é que os gestores desses espaços – os gerentes de bares e restaurantes – estão percebendo mais rapidamente do que as redes os novos patamares de exigência no conteúdo do que é oferecido pela televisão, em particular na relação que ela procura definir com sua plateia. A SporTV, ela mesma, inaugurou uma era – logo seguida por outras redes esportivas – de respeito ao seu público, com menos artificialismo e, em consequência, menos tolice. O público, que só agora gera padrões de crescimento expressivos na TV por assinatura, começa a entender que é possível ser tratado com respeito – até porque respeito, como se sabe, é bom e todo mundo gosta.

 

A possibilidade de se ter as mesmas imagens transmitidas ao mesmo tempo em televisão aberta e fechada – melhor dizendo, a generalização dessa possibilidade – é uma experiência bastante nova para muitos brasileiros. A classe C acaba de desembarcar na TV por assinatura, chegou lá em 2013, quando essas plataformas já eram oferecidas no país havia 21 anos. A TV por assinatura é coisa novíssima, portanto, para 13 milhões de domicílios brasileiros que hoje compõem a base que lhe dá sustentação (falo em base de sustentação mas, como diria Moreira da Silva, é sem má intenção). Para esse público, até então, a TV aberta e a TV por assinatura eram repositórios de espaços diferentes: sofisticação vs. banalidade; chatice vs. excitação; carência de recursos vs. riqueza. Não é bem assim, não é nada assim, mas a transmissão simultânea de uma Copa do Mundo realizada dentro de casa pode forçar decisões de consumo que têm que se amparar em alguns parâmetros.

Ao vivo

Sabemos que na eventualidade de uma ausência temporária de sinal ou em eventos como a propaganda eleitoral gratuita, a Globo permanece líder de audiência, porque ela é de fato o default. Mas quando o conteúdo que acompanha o mesmo sinal é diferente, o que o público pode esperar de sua televisão é também diferente. No frigir dos ovos, existe algo maior ainda do que isso: esse público pode opinar, e sua urna é o controle remoto.

O que estamos testemunhando, em grande escala, é o espectador brasileiro dizendo que não gostaria mais de ser sistematicamente tratado como idiota – porque ele não é tão idiota quanto pensa a televisão aberta. É ele, por exemplo, manifestando sua rejeição pela maneira pouco natural e inspiradora de um estilo de Galvão Bueno – coisa que o público vem fazendo em sites de relacionamento, mas que não pode fazer no seu próprio televisor, porque abandonar o conteúdo que deseja seria dar um tiro no pé. Dizendo, da mesma forma, que não se identifica mais com uma transmissão tão popular e antiga quanto o que a Band está lhe propondo.

E aí está a primeira chave para a compreensão do que está acontecendo: esses modelos de transmissão esportiva são do tempo em que a captação e processamento das imagens estavam num patamar muito, mas muito inferior ao que estão hoje. As imagens evoluíram, enquanto as transmissões ficaram estagnadas. E ficaram estagnadas por quê? Porque os apresentadores que seguem este modelo não deram pulinhos pro ar, não se tornaram onipresentes como as câmeras e velozes como o processamento de suas imagens? Não – porque isso é atributo de câmeras e chips, não de narradores.

As transmissões ficaram estagnadas porque continuaram tratando seu público como um bando de seres inferiores, incapazes de alcançar o Olimpo dos que dominam porque detêm o conhecimento. Bem pior do que isso, detêm os simples instrumentos de transmissão, coisa que, como sabemos, na era da internet tem importância cada vez mais discutível.

A relativização da importância da massificação tem um papel relevante nisso. É muito recente a percepção de que não é necessário ser gado para se sentir parte integrante da sociedade. Essa percepção, como se sabe, aumenta na medida inversa da faixa etária do espectador. A internet lhe oferece um conhecimento – inclusive sobre o jogo que está vendo – impensável há cinco ou dez anos, enquanto a qualidade da captação das imagens – hoje são cerca de 40 câmeras ativas em cada estádio – e em especial o seu processamento – replays e ângulos alternativos para o mesmo evento não dependem mais do olho humano – isso sim, é coisa nova.

As transmissões esportivas estão antecipando os próximos anos da televisão aberta – anos em que o meio voltará a ser totalmente ao vivo, como nos seus anos dourados, e, no caso brasileiro, possibilitando ao espectador escolher a maneira como ele gostaria de ser tratado – como um débil mental ou um indivíduo capaz de pensar. O espectador está respondendo a essa questão.

Igual para igual

No Madison Square Garden e em outras arenas americanas, o ataque de uma equipe é acompanhado por uma parafernália de sons, que indicam ao espectador nas arquibancadas o momento de torcer, vibrar e se emocionar. A origem disso está na música incidental do cinema, que indica ao espectador todos os estágios desejáveis de sua emoção, do suspense à indignação, do choro à euforia. A televisão fez a mais tenebrosa adaptação que se poderia imaginar do som incidental, criando no seu extremo as claps eletrônicas que simplesmente dizem ao espectador quando ele deve rir. O público de sitcoms sabe que o momento de rir é determinado por seres eletrônicos que riem naquele momento, ao nível em que a ausência eventual de uma clap em face do mesmo estímulo (isto é, da mesma piada ou da mesma situação) inibe, dificulta e literalmente impede o riso do espectador – porque não é isso o que a televisão espera dele naquele momento.

É difícil dizer aos mais jovens a hora em que eles devem rir de uma piada, assim como é insano esperar isso de plateias esportivas em eventos que, como o futebol, foram espetacularizados em outra direção. Não há instrumentos eletrônicos que façam um flamenguista típico torcer ou deixar de fazê-lo durante um ataque do Flamengo no Maracanã, assim como num esporte iconizado pela cultura local, como o futebol, não se deve esperar um controle das emoções do espectador pela televisão.

Houve uma pouco inteligente tentativa neste sentido, há alguns anos, quando a Globo passou a apresentar os jogos de futebol de uma maneira bem análoga a que a televisão norte-americana apresentava as lutas do UFC. Mas lutador de MMA é uma coisa, jogador de futebol é outra, como o espectador brasileiro se encarregou de responder à malfadada tentativa. As tecnologias que vêm transformando as transmissões esportivas – e que ganharam notável visibilidade durante a Copa do Mundo de 2014 no Brasil – exigem novos modelos de transmissão, e isso começa na maneira de se olhar o espectador. Ele tem toda a informação que se possa imaginar sobre o espetáculo, está conectado na segunda tela e não é mais subserviente à arrogância dos apresentadores como eram seus avós. Quer ser tratado com respeito e está mostrando isso. A forma de se dirigir a ele não tem origem nos velhos tempos, mas nos tempos que vêm pela frente. Serenidade, educação e, sobretudo, horizontalidade. Esses elementos foram propostos justamente pelas redes esportivas e estão começando a dar frutos agora. Quem está lá em cima é a câmera. O conteúdo está aqui em baixo, sendo apresentado de igual para igual para a audiência – ou a audiência simplesmente diz que não quer nada com ele, e vai procurar quem lhe trata com dignidade.

***
Nelson Hoineff é jornalista, produtor e diretor de televisão
Fonte: Observatório da Imprensa

sábado, 10 de novembro de 2012

PRESSÃO PARA HOMENS SEREM DOMINANTES NO SEXO PODE ATRAPALHAR RELACIONAMENTOS


Ainda há um senso comum de que homens pensam mais em sexo, querem mais sexo, são mais experientes em sexo. E, por mais que, de vez em quando, faça bem para o homem se sentir dessa forma, a expectativa de que ele deve ser o dominante na vida sexual do casal pode atrapalhar o relacionamento.
É isso que revela uma pesquisa da Universidade de Yale, que analisou 357 mulheres e 126 homens. O estudo buscava entender como andava a confiança sexual de jovens sexualmente ativos. Para isso, eles respondiam a perguntas sobre sua vida ‘entre quatro paredes’ em um computador. Ao lado da máquina, havia uma bacia de preservativos femininos (com uma placa instruindo as pessoas a levarem quantos quisessem e mostrando como usá-los). Além das respostas, os pesquisadores analisaram também quantos preservativos os voluntários levavam para casa.
O resultado mostrou que, quanto mais o voluntário (tanto homens quanto mulheres) acreditava que a vida sexual do casal era responsabilidade do homem, menos confiantes eles se sentiam em situações íntimas – e menos preservativos femininos levavam para casa. Segundo os cientistas, os homens que acreditam serem dominantes acabam se sentindo menos confortáveis para discutir o relacionamento e a dinâmica sexual, prejudicando seus relacionamentos.
Mulheres que acreditavam na mesma coisa também discutiam menos suas preferências – embora os cientistas notem que é a minoria das moças que acredita que o homem deva se sentir responsável pela vida sexual do casal.
E você, qual é sua opinião sobre o assunto? 
Fonte: Revista Galileu

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Você me desculpa?


Pesquisadores investigam se cães realmente  sentem culpa ao quebrar regras impostas pelos donos
por Jason G. Goldman

©mlorenz / Shutterstock

 “Cheguei em casa e ele estava agindo de maneira estranha. Eu sabia que ele tinha feito alguma coisa errada”, contou-me ela. Pedi mais detalhes. “Sua cabeça estava baixa e ele não me olhava nos olhos”, continuou. “Então eu encontrei: embaixo da cama”.

Minha amiga passou semanas treinando seu cão, Henry, para que ele não fizesse cocô no carpete. E lá estava, embaixo da cama. “Ele sabia que havia se comportado mal, por isso estava agindo com tanta culpa”, insistiu a moça, certa de que seu cão sabia que havia violado suas regras. Mas ela não estava sozinha: 74% dos donos de cães acreditam que seus animais sentem culpa.

Existem muitas evidências para o que os cientistas chamam de emoções primárias – alegria e medo, por exemplo – em animais. Mas evidências empíricas para emoções secundárias como ciúme, orgulho e culpa são extremamente raras na literatura sobre cognição animal, já que emoções secundária requerem certo nível de sofisticação cognitiva, particularmente no que diz respeito à autoconsciência, que pode não existir em animais não-humanos.

O problema é que a demonstração de comportamentos associados à culpa não é, em si, sinal da capacidade de senti-la emocionalmente. Os comportamentos culposos se seguem às transgressões? Se sim, isso forneceria pistas de que os cães podem estar conscientes delas. Ou será que o comportamento de culpa acompanha uma repreensão ao animal? – uma especulação razoável, já que os donos tendem a brigar menos com seus cães se eles “se arrependerem”. Se esse for o caso, o comportamento poderia ser simplesmente resultado da associação aprendida entre um estímulo (como fazer cocô no carpete) e o castigo que se segue.

Para analisar a questão, um grupo de pesquisadores de cognição canina da Eotvos Lorand University, em Budapeste, liderados por Julie Hecht, criou um experimento, relatado no periódico Applied Animal Behavior Science.

Os pesquisadores queriam responder duas perguntas. “Quando estão recebendo seus donos, cães que se comportaram mal na ausência deles agem diferentes dos “inocentes?”/ “Os donos seriam capazes de determinar, baseando-se apenas no comportamento do cão, se  eles cometeram alguma transgressão?

Durante o estudo, os pesquisadores determinaram o comportamento de recepção padrão de 64 cães, após breve separação dos donos. Além disso, estabeleceram uma regra social: animais não podem pegar comida que fica em cima da mesa. Em seguida, os cães foram deixados sozinhos com e os pesquisadores verificaram como recebiam seus donos após terem se alimentado, ou não, da “comida proibida” e observavam se os donos conseguiam determinar se os cães haviam quebrado a regra.

A primeira descoberta mostrou que os cães nem sempre agem com culpa – apenas em certas circunstâncias. Eles mostraram significativamente menos comportamentos associados à culpa quando estavam sendo recebidos por seus donos do que quando estavam sendo repreendidos. Depois, os pesquisadores verificaram se os cães transgressores demonstravam mais culpa. Surpreendentemente, os dois grupos apresentaram a mesma tendência a agir com culpa. Juntas, as conclusões fornecem uma possível resposta para a primeira pergunta: cães que se comportaram mal não tinham tendências estatisticamente significativas de se comportar diferente dos demais.

Outra descoberta, no entanto, pode indicar possíveis sentimentos de culpa. Cada cão teve três oportunidades de receber seus donos: uma vez antes de a regra ser estabelecida; depois de a regra ter sido estabelecida e os cães terem oportunidade de violá-la; e uma terceira vez, após a regra, mas sem oportunidade de violá-la. Enquanto todos tendiam a agir com culpa durante a segunda recepção ao serem repreendidos, somente os que de fato cometeram transgressões mantiveram o comportamento durante a terceira recepção.

Sobre os donos, quase 75% foram capazes de determinar se os cães haviam se comportado mal: um resultado significativamente maior que o esperado para chutes aleatórios. No entanto, é possível que os donos estivessem se baseando no comportamento anterior dos cães para isso. Talvez os donos não estivessem se baseando apenas no comportamento dos animais, mas em sua tendência anterior a comer os alimentos! Após eliminar esses donos (que sabiam que os cães haviam violado a regra antes mesmo de ela ter sido estabelecida), os participantes não conseguiram determinar se seus cães haviam se comportado mal.

Pesquisas futuras, segundo os pesquisadores, terão de investigar questões em ambientes familiares, e não no laboratório, examinando regras sociais já estabelecidas entre dono e cão. Ainda pode demorar algum tempo para que possamos saber com certeza se cães sentem culpa, ou se as pessoas conseguem determinar se um cão violou uma regra antes de encontrar evidências concretas disso.

Texto original publicado em http://blogs.scientificamerican.com/thoughtful-animal/2012/05/31/do-dogs-feel-guilty/

Jason G. Goldman Jason G. Goldman é um estudante de pós-graduação em psicologia do desenvolvimento na University of Southern Califórnia.
Fonte: Scientific American Brasil

terça-feira, 3 de abril de 2012

Plásticas exageradas e comportamento imaturo revelam medo desproporcional de envelhecer


  • Júlia Bax/Arte UOL
    Vontade de se comportar como jovem leva a uma vivência, às vezes, inconsequente e de desequilíbrio
    Vontade de se comportar como jovem leva a uma vivência, às vezes, inconsequente e de desequilíbrio
Envelhecer é um processo natural do corpo e, se encarado com maturidade, o curso pode ser prazeroso e enriquecedor. No entanto, a dificuldade em aceitar a idade é frequente e, cada vez mais, mulheres saem em busca da “juventude eterna”. No meio da jornada, porém, muitas se perdem ao tentarem atingir padrões estéticos e comportamentais que já não fazem mais sentido.
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, o Brasil é o segundo país que mais procura procedimentos cirúrgicos desse tipo, perdendo apenas para os Estados Unidos. Em 2011, 700 mil brasileiros fizeram plásticas, sendo 80% mulheres e 60% por motivos estéticos --prótese mamária, lipoaspiração e intervenções na face são as mais procuradas.


Na área dermatológica, o cenário não é diferente. A aplicação de toxina botulínica representou 43% dos procedimentos na área cosmética em 2011, de acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia. Para Carolina Maçon, dermatologista e membro da SBD, é preciso ter parcimônia na hora de tentar reverter os efeitos da idade.

“Hoje em dia, por causa do culto à beleza e do Photoshop, as pessoas vêm ao dermatologista em busca de coisas impossíveis. Existem muitos recursos para rejuvenescer, mas não tem como transformar uma pessoa 60 anos em uma de 20”, afirma Carolina. “O que eu costumo falar é que o ideal é envelhecer com dignidade, pois é possível ter 50 ou 60 anos e ter uma pele bonita e uma aparência jovem, mas tudo tem um limite. Cabe ao médico impor essa medida, para que a paciente não fique com um aspecto artificial nem com deformidades.”
Medo de envelhecer
Segundo Pedro Paulo Monteiro, mestre em Gerontologia e autor dos livros "O Tempo Não Tem Idade" e "A Beleza do Corpo na Dinâmica do Envelhecer" (Ed. Gutenberg), a dificuldade em aceitar o envelhecimento é mais comum em mulheres. Segundo ele, o sexo feminino valorizara "enormemente" a estética. "Algumas mulheres têm medo de envelhecer, por que acreditam que ficarão feias, isoladas e sem atrativos. Isso não é verdade, pois existem várias pessoas que só começaram a ser felizes na velhice."

Para o estudioso, a nossa cultura é bem mais cruel com as mulheres do que com os homens, fator que também dificulta a chegada da idade para algumas pessoas. “Um homem pode ter cabelos brancos e até é elogiado; uma mulher precisa de coragem para assumi-los”, diz Monteiro. Para o especialista, o ponto principal para quem deseja passar pela nova fase da vida com tranquilidade é a maturidade.
“Quando as mulheres mais velhas assumem que não são mais jovens, se tornam donas de si mesmas. Percebem que o tempo é individual, que ninguém envelhece no mesmo tempo. Mas é comum ver mulheres com mais de 70 anos que ainda não conseguiram ainda alcançar essa maturidade, pois ser maduro é assumir quem você é”, argumenta


Como lidar com a mudança?
Para algumas mulheres, entrar em contato com as transformações do corpo, que pode deixar de ser um objeto de desejo nos moldes padrão, pode ser devastador, explica a psicanalista Dorli Kamkhagi. “Ocorre uma extrema necessidade de negar o momento e uma inadequação muito grande frente à própria idade. Assim, elas passam a buscar uma série de intervenções e procedimentos estéticos e surge uma vontade de se comportar como uma jovem, o que leva a uma vivência, às vezes, totalmente inconsequente e de desequilíbrio.”

A especialista afirma que é importante que as mulheres se olhem de verdade. "Elas devem perceber que desenvolveram uma trajetória e que sempre podem ser belas e desejáveis. Não é somente o olhar do mundo e da sociedade que importa, é também o nosso olhar”. Para ela, a mulher não deve deixar a vaidade de lado com a maturidade, mas, sim, aceitar a nova beleza, que tem uma história, na qual as marcas nem sempre podem ou devem ser apagadas. “O cuidado com a aparência é muito importante, assim como vontade de se manter jovial, o que é totalmente diferente desta desenfreada busca por um tempo que não existe mais."

segunda-feira, 12 de março de 2012

Crianças procuram mais o Google do que seus pais para sanar dúvidas


Crianças procuram mais o Google do que seus pais para sanar dúvidas
Há tempos atrás, crianças quando tinham alguma dúvida sobre algo, logo procuravam seus pais para resolvê-la, mas isso parece estar mudando. De acordo com Mariana Coutinho, que escreveu em seu espaço no techtudo, comentou que as novas tecnologias de hoje estão mudando esse quadro.
Mariana se embasou em uma pesquisa  realizada pela empresa britânica de pesquisa, Birmingham Science City, que realizou teste com crianças entre 6 a 15 anos; neste teste, 54% dos menores quando tinham alguma dúvida sobre determinado assunto, antes de perguntarem alguma coisa a seus pais ou professores, procuravam sanar as mesmas pesquisando-as no Google. Já 19% destas procuraram um dicionário impresso, 3% apenas procuraram seus pais ou professores para resolvê-las e em ultimo lugar apareceu a enciclopédia.
A pesquisa, ou estudo, que entrevistou mais de 500 crianças de 6 a 15 anos, mostrou a importância que as novas tecnologias possuem sobre a nova geração, sendo que, quase a metade delas usa o Google pelo menos cinco vezes ao dia para resolver algum problema.
Sendo assim, cada vez mais, os estudos estão indo para o lado tecnológico, para o lado da informação virtual ou computadorizada. Aí aproveito a oportunidade para deixar uma pergunta no ar: Por quanto tempo mais teremos professores em salas de aula, passando lições e matérias presenciais?
Fonte: Oficina da Net

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Mulheres atualizam status no Facebook muito mais que os homens


Por Renato Rodrigues, do IDG Now!

    Pesquisa nos EUA revela também que o usuário comum do Facebook tem 245 amigos, e que apenas 10% têm mais de 780 amizades.
Um estudo do Pew Research Center divulgado na sexta (2) revela uma série de dados interessantes sobre o comportamento dos usuários no Facebook.
Eis as principais conclusões:
  • As pessoas comentam mais do que fazem updates: nove atualizações por mês, e 21 comentários.
  • No entanto, mulheres atualizam muito mais que os homens. Enquanto elas postam em média 21 vezes por mês, eles apenas seis.
  • Durante um mês típico no Facebook, 40% dos membros fazem um pedido de amizade, mas 63% deles recebem um.
  • Seus amigos costumam ter mais amizades que você. O usuário comum do Facebook tem 245 amigos, mas seu amigo médio, 359. Esseparadoxo é matemático, e também acontece nas relações off-line.
  • Apenas 10% dos usuários têm mais de 780 amigos.
  • No mês, os usuários clicam em "Curtir" no conteúdo de outros membros uma média de 14 vezes, enquanto suas postagens recebem 20 "Like".
  • Em média, os usuários enviam nove mensagens pessoais por mês, e recebem 12.
  • O mesmo vale para marcação de fotos: 12% marcam pessoas em fotos todo mês, contra 35% que são marcados por outros.
Por que essas discrepâncias existem? Duas palavras: 'usuários avançados', explica o principal autor do estudo, Keith Hampton. Embora representem apenas cerca de 20% a 30% do Facebook, seus níveis de atividade são muito maiores do que o usuário típico, então eles distorcem as médias.
Além disso, esses hard users tendem a se focar em torno de atividades específicas do Facebook. Por exemplo, um membro pode ser forte em fazer pedidos de amizade, mas não em Curtir ou marcar pessoas. Por isso, cada atividade tem seu conjunto de usuários avançados.
Os pesquisadores não notaram sinais de fadiga no uso da rede. Quanto mais amigos as pessoas fazem, mais fazem updates e comentários e clicam em "Curtir".
A pesquisa envolveu 877 usuários americanos, dos quais 269 deram autorização para acesso aos seus logs (registros de atividades) na rede.
Fonte: IDG Now

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