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domingo, 24 de junho de 2012

Perícia aponta mentira de Thor e imprudência de Luciano Huck

Filho do homem mais rico do Brasil tentou comandar, pelo Twitter, um inquérito policial sobre a morte do ciclista pobre, o apresentador Luciano Huck inocentou o bilionário antes de ter elementos para julgar; Eike Batista, por sua vez, lamentou a perda do brinquedinho; e agora?

Raras vezes se viu no Brasil uma tentativa tão explícita de calar, pela força do dinheiro, uma investigação policial.

O caso era uma autêntica fábula brasileira, que expunha nossas mazelas e fraturas sociais.

No dia 18 de março deste ano, Thor Batista, filho do homem mais rico do Brasil, Eike Batista, atropelou em sua Mclaren um rapaz negro, Wanderson Silva, que conduzia uma bicicleta, num país onde crimes de trânsito raramente são punidos. Rapidamente, Eike e Thor passaram a bombardear internautas com mensagens no Twitter.

Foto:/Edição/247
Em 63 mensagens sequenciais, Thor deu sua versão para o acidente. Numa delas, disse que “vinha na faixa da esquerda, com muito cuidado, sem ao menos dialogar com meu carona quando repentinamente um ciclista atravessou…”.

Em outra, assegurou que “a frenagem trouxe o carro de 100km/h até 90 km/h”.

Eike, por sua vez, deu força ao filhão dizendo que era a quinta vez apenas que ele dirigia a Mclaren, xodó da família. E contratou o advogado mais caro do País, Marcio Thomaz Bastos, para defender o pupilo. “Só contrato o melhor”, disse Eike à época.

Em diversos veículos de comunicação, também se exerceu uma pressão imensa para que o caso não fosse analisado pela ótica da luta de classes – afinal, ricos não podem ser punidos simplesmente porque são ricos.

A cereja do bolo foi o tweet publicado pelo “bom-moço” Luciano Huck, que enriquece às custas de “Wandersons” e, assim, frequenta as rodas de “Thors” e “Eikes”. “Fatalidade. Prestou socorro e não tinha bebido”, tuitou Huck no dia do acidente, antes de ter qualquer elemento para julgar.

Pois bem: todos acabam de ser desmoralizados pela perícia oficial realizada pela polícia do Rio de Janeiro. Uma polícia que, diga-se de passagem, conseguiu realizar um trabalho independente apesar de todas as suspeitas que recaiam sobre seu trabalho, em razão da propalada influência de Eike Batista no governo do Rio de Janeiro.

Sabe-se agora que Thor dirigia a pelo menos 135 km/h, acima do limite de 110 km/h, e vinha realizando ultrapassagens em ziguezague segundo o depoimento de testemunhas.

Em sua defesa, o filho do bilionário pretende apresentar uma perícia privada – mas, em países sérios, o que vale é a investigação oficial, não aquela paga por quem tem interesse em se livrar de suas responsabilidades.

Thor mentiu. Luciano Huck foi falastrão. E Eike se comportou como um pai que não sabe impor limites aos filhos.

Aliás, recomenda-se que Thor feche urgentemente seu Twitter. Num post, revelou um encontro com o presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda, que estuda realizar um aporte bilionário numa empresa de Eike Batista em má situação financeira, a LLX.

Em outro, Thor fez uma brincadeira pueril. Disse que o cruzamento de um quero-quero com um pica-pau resulta em que quero-pica-quero-pau.

Thor, que acaba de ser desmascarado pela perícia realizada pela polícia do Rio, foi indiciado por homicídio culposo.

Dias atrás, ele teve outro brinquedinho apreendido: a Ferrari que conduzia sem placa nas ruas do Rio de Janeiro.

Quantos “Wandersons” serão necessários até o Brasil aprenda a efetivamente tratar crimes de trânsito, que matam milhares de pessoas no País, como crimes, e não como fatalidades inocentadas por Luciano Huck?

quarta-feira, 21 de março de 2012

Um fato e duas versões para morte de ciclista atropelado por Thor Batista


Um vizinho do ciclista Wanderson Pereira dos Santos, 30 anos, que morreu ao ser atropelado pelo filho do empresário Eike Batista, Thor Batista, afirmou neste domingo, durante o enterro da vítima, que Wanderson andava pelo acostamento da Rodovia Washington Luís quando foi atingido. A declaração do vizinho, que se identificou como José da Silva, desmente a versão dos fatos divulgada em nota pela assessoria de imprensa EBX, de que Wanderson teria sido atingido quando "atravessava a rodovia inadvertidamente" de bicicleta.
Familiares também constestaram o posicionamento da empresa de Eike Batista. A tia e mãe de criação de Wanderson, Maria Vicentina Pereira, também confirmou que o sobrinho andava pelo acostamento. "Ele fazia esse trajeto todos os dias durante 30 anos. Pelas manchas de sangue que ficaram marcadas no chão dava para ver que ele foi atingido quando andava pelo acostamento", afirmou. 
Mercedes SLR Mc Laren ficou visivelmente destruída com impacto de atropelamento
Mercedes SLR Mc Laren ficou visivelmente destruída com impacto de atropelamento
O advogado da família de Wanderson, Cléber Carvalho Rumbelsperger, também contestou a versão divulgada pela empresa EBX. "O documento de ocorrência policial (registro de ocorrência) não tem absolutamente nada. A polícia não ouviu ninguém, ao que me consta. Isso não é de praxe. É muito estranho que o atropelador deixe o local da morte sem ter ido à delegacia. O motorista foi abordado por policiais na hora do acidente, deveria ter ido à delegacia de polícia para prestar esclarecimentos", destacou o advogado de defesa, que também contestou o fato do veículo ter sido retirado do pátio da Polícia Rodoviário Federal pelo advogado do condutor.  
Segundo Maria Vicentina, a família recebeu uma ajuda de custo no valor de R$ 8 mil para cobrir as despesas do enterro e a reconstituição facial e corporal da vítima, que teve o corpo dilacerado na colisão. Familiares afirmaram, ainda, que o empresário Eike Batista teria contestado o valor dos custos, alegando que seriam muito altos. 
O corpo de Wanderson foi velado e enterrado no final da tarde deste domingo no cemitério de Xerém, em Duque de Caxias. Em clima de muita consternação, familiares e amigos foram ao local prestar luto. "Ele era uma joia preciosa e agora foi tirado da gente. Era um rapaz muito bom, trabalhador, um filho para mim", lamentou Maria Vicentina. 
O caso
Thor Batista, filho mais velho do empresário Eike Batista e da ex-modelo Luma de Oliveira atropelou e matou o ciclista Wanderson Pereira dos Santos, de 30 anos, na Rodovia Washington Luís, em Xerém, Duque de Caxias, na noite deste sábado (17). Thor, de 20 anos, dirigia uma Mercedes SLR Mc Laren prata e estava acompanhado de um amigo quando aconteceu o acidente. De acordo com policiais, ambos os jovens fizeram o teste do bafômetro, que não indicou consumo de álcool.
Agentes da Polícia Rodoviária Federal estiveram no local do atropelamento, na altura do km 101 da rodovia, sentido Rio, e afirmaram que Thor acompanhou todo o procedimento. O caso foi registrado como homicídio culposo (aquele em que não há intenção de matar) na 61ª DP (Xerém). Os documentos do jovem e do amigo, estavam em dia, inclusive a documentação do veículo.
O local foi examinado por peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, da Polícia Civil, que afirmaram que Thor passou mal quando viu o corpo desfigurado do ciclista. O Mercedes chegou a ser recolhido para o pátio da PRF, mas foi levado pelo advogado do jovem, identificado apenas pelo nome de Godinho, que prometeu manter as condições em que o veículo ficou após o acidente. O advogado confirmou que era o jovem que dirigia o veículo no momento do acidente e que Thor deve se apresentar para prestar depoimento à Polícia Civil nos próximos dias.
De acordo com agentes da 61ª DP, o carro foi liberado porque não havia medida administrativa para manter o veículo apreendido, uma vez que os documentos estavam em dia.
Fonte: Jornal do Brasil


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