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quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Quem levará o Nobel de Literatura de 2021?

 

Rogerio Rocha

Por Rogério Rocha

O Prêmio Nobel é constituído por seis prêmios concedidos todo ano em várias categorias, sendo conferido a pessoas que tenham dado alguma contribuição relevante à humanidade em sua área de atuação. São seis as categorias: medicina, física, química, literatura, paz, economia.

Nesse artigo quero falar sobre um dos prêmios. Especificamente o Nobel de Literatura, que será entregue no dia 7 de outubro.

Para início de conversa é bom lembrar que faz quase uma década que a Academia Sueca não premia alguém de fora do eixo América do Norte/Europa. Tal fato, em tese, depõe contra o caráter supostamente “inclusivo” da instituição, razão pela qual, segundo os analistas, a partir de alguns indícios, possivelmente o(a) escolhido(a) da vez seja um não ocidental ou alguém de outro continente. 

Mas afinal, a pergunta é: quem levará o prêmio de 10 milhões de coroas suecas (o equivalente a 980 mil euros) para casa? As cartas já estão na mesa. Ou melhor, os nomes, as carreiras, os lobbies e os livros.

Como não sou vidente, nem tenho pretensão de evocar dos meus ancestrais algum poder mental escondido, não posso cravar quem vai vencer. Ainda mais ao lembrar que os “critérios” de escolha dos eleitos passa longe do simples mérito literário, sendo composto de um bom número de variáveis sobre as quais, pelo menos para mim, recaem dúvidas mais do que fundadas.

Querem entender o que estou falando? Anotem aí! Nomes como Jorge Luís Borges, Carlos Drummond Andrade, Franz Kafka, Leon Tolstói, Marcel Proust e Philip Roth – reconhecidamente notáveis escritores e cujas obras ultrapassam as quadras internas da geografia de seus países de origem, nunca foram lembrados pelos suecos, desde 1901, quando a premiação teve início.

Este ano, muitos são cotados para suceder a norte-americana Louise Glück, vencedora da última edição. Dentre os favoritos estão Jamaïca Kincaid (uma caribenha estadunidense), César Aira (da Argentina), Mia Couto (de Moçambique) e o japonês Haruki Murakami. Também figuram dentre prováveis candidatos à máxima láurea das letras mundiais o polêmico francês Michel Houellebecq (indico a leitura de “Submissão”, um livro impactante), a canadense Margareth Atwood (muito em voga pelo seu ótimo “O conto de Aia”, adaptado para uma série), o americano Don Delillo (autor de livros como “Americana” e “Ruído de fundo”) e a inquietante Joyce Carol Oates, dona de uma bibliografia que (pasmem!) ultrapassa os cem livros.

Caso optem por eleger o vencedor ou vencedora, como apontam alguns, de países ainda não contemplados com a premiação, temos aqui dois nomes importantes a serem observados: o queniano Ngugi wa Thiong’o (um forte candidato), que aborda as tensões raciais e a violência em seus escritos, e a jovem escritora Chimamanda Ngozi Adichie, cuja visibilidade midiática tem passado pela visão pós-colonial e pela defesa do feminismo.

Temos aí, então, um mosaico humano que traz as figuras que poderão compor a lista de escolha de onde será definido o nome do homem ou mulher a receber o Nobel de Literatura de 2021. Se tenho favoritos? Sim. São eles: Michel Houellebecq, Margareth Atwood e Ngugi wa Thiong’o. 

É isso! Agora nos resta esperar para saber se a Academia Real de Ciências Sueca e a Fundação Nobel irão nos surpreender este ano.

domingo, 3 de junho de 2012

Autores da polêmica HQ "O Paraíso de Zahra", vêm ao Brasil para discutir direitos humanos, em São Paulo e no Rio



Chegaram ao Brasil no dia 1º de junho Amir e Khalil, autores da aclamada graphic novel “O Paraíso de Zahra”, lançado pela editora LeYa em janeiro deste ano. Os autores participarão de uma série de eventos no país para falar sobre o processo de elaboração do livro e para discutir com os fãs questões atuais de direitos humanos no Irã.

Na esteira do sucesso da graphic novel "Persépolis" de Marjan Sartrapi, "O Paraíso de Zahra" faz sucesso em mais de 125 países e já foi traduzida em 14 idiomas. 

A história narra a trajetória de Zahra, uma viúva iraniana que após os protestos de 2009 inicia uma busca desesperada pelo filho Mehdi, que acredita ter sido vitima da repressão mortal dos Aiatolás.

 “O Paraíso de Zahra” é uma trama ficcional baseada em personagens reais e eventos transmitidos pela internet em tempo real. "Quem lê o livro entende o que acontece no Irã hoje", diz Amir. 

Construída a partir dos textos eloquentes de Amir e com o traço extraordinário de Khalil, esta é a história da fracassada "primavera persa" que começa em 2009 após as contestadas eleições que levaram o Pres. Ahmadinejad ao seu segundo mandato.

A viagem dos autores ao Brasil é fruto da surpreendente repercussão das tiras na Internet e da cobertura de imprensa no país. 

Os autores falarão sobre a motivação em fazer um comic book focado nas violações de direitos humanos no Irã e do método de trabalho que escolheram para elaborar o livro.

Nos encontros falarão sobre o processo de brain storm, conceitos, personagens, tipo de traço e ambientação ( Khalil é árabe e nunca esteve no Irã, fez todos os desenhos a partir de referências da internet), além de participar de duas sessões de autógrafos, em São Paulo e no Rio.

Confira a programação completa:
03/06 – Sessão de autógrafos e bate-papo na FNAC Paulista, às 16h
04/06 – Evento no Itaú Cultural, às 20h30, mediado por Flávio Rassekh
05/06 – Sessão de autógrafos e bate-papo na Livraria Cultura do Shopping Fashion Mall, no Rio, às 18h30

Fonte: literaturadecabeca.com.br

Abaixo algumas ilustrações da comentada HQ:





sábado, 2 de junho de 2012

Eles mostraram a real cara do Brasil ao brasileiro


No centenário de nascimento de Nelson Rodrigues e Jorge Amado, especialistas explicam como obra dos autores influeciaram a cultura do país
Jorge Amado nasceu em 10 de agosto de 1912, na Bahia. Treze dias depois, em Pernambuco, nasce Nelson Rodrigues. Apesar de terem visões políticas totalmente opostas, os escritores tiveram grande importância para a história cultural do Brasil. Rodrigues era anticomunista. Já Amado simpatizava com a esquerda. Mesmo assim, ambos sofreram com a censura em seus trabalhos. Outro ponto em comum entre os dois é a abordagem da sexualidade em suas obras, que renderam tanto a um quanto ao outro o repúdio da elite brasileira. No ano de centenário de nascimento desses brasileiros, especialistas analisam o papel que suas obras têm ainda hoje para o relato do cotidiano e dos costumes do povo à época de seus romances.
Linha do tempo compara trajetória dos dois artistas. (Imagem: Paula Zogbi Possari e Meire Kusumoto)
Dois “Jorges”
Jorge Amado ajudou a difundir a cultura do Brasil no exterior e, por que não dizer, aos próprios brasileiros. Com livros publicados em mais de 50 países e em 49 idiomas diferentes, o baiano tornou-se popular principalmente pelo seu variado repertório de assuntos, como conta a doutoranda Marly D’Amaro Blasques Tooge na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. “Ele toca em questões fundamentais, como relações de trabalho, raça, matrimônio e a estrutura da sociedade capitalista”, diz. O professor de Literatura Brasileira, Antonio Dimas, concorda ao dizer que, “mais que temas, Jorge escolhe gentes muito parecidas com a que ainda vemos no nosso cotidiano, nas esferas mais diversas”.
Jorge é conhecido por caracterizar o povo baiano e as classes sociais mais baixas. Na juventude, muda-se para o Rio de Janeiro para cursar Direito. Ainda na faculdade, toma contato com o movimento comunista, que se reflete em suas obras. “No trabalho dele há muita identificação de uma grande massa. A linguagem é acessível, diferente de outros autores contemporâneos mais rebuscados. Até como comunista, Jorge não escrevia para a elite”, explica Marly.
O escritor chega a ser deputado federal pelo PCB (Partido Comunista Brasileiro), mas é cassado depois que o partido perde o registro, na ditadura do Estado Novo, em 1948. Com as perseguições políticas e as desilusões quanto ao método totalitário que o comunismo tinha adotado, Amado se desvincula do PCB e abandona a militância. Alguns críticos dividem a obra do escritor a partir desse ponto. “Depois disso ele se aproxima muito do candomblé e faz obras dedicadas a mulheres, criando personagens como Gabriela, Tieta, Dona Flor. Mas continua com a temática social”, conta Marly. Para Dimas, “existe um Jorge antes e outro depois” de sua militância. “O melhor é o que vem depois. É um Jorge livre de dogmatismos políticos, menos idealista. Portanto, menos autoritário e menos professoral”, explica. O divisor de águas de seu trabalho, segundo o professor, é Gabriela, Cravo e Canela, romance de 1958. A obra, que virou novela nas décadas de 1960 e 1970, ganhará uma nova montagem na televisão ainda esse ano.
Além de revelar a cultura do Brasil ao exterior, Jorge também colaborou na popularização de temas que eram pouco retratados pelos artistas: o Brasil do interior. “Ele deu [à televisão] um sotaque mais abrangente, deixando claro que o país não se limita apenas aos 8 mil km de litoral. Que ele é mais profundo também”, conclui Dimas.
O teatro pós Nelson
Nelson Rodrigues era mestre em causar reações ambíguas. Em vida, foi considerado gênio e idiota, moralista e tarado. Defendia um estilo próprio de jornalismo, no qual cabiam até algumas mentiras, e alinhou-se à ditadura militar nos anos 70, apesar de ter a obra fortemente censurada.
“Aos cem anos de nascimento, Nelson Rodrigues merece ser lembrado como um autor que revolucionou o texto dramático brasileiro”, afirma Berta Waldman, professora de literatura hebraica e judaica da FFLCH e pesquisadora de Nelson Rodrigues. A peça Vestido de Noiva, encenada pela primeira vez em 1943, é considerada um marco do teatro moderno no país. “Com vergonha de dizer às pessoas que havia escrito a peça em seis dias, Nelson mentia dizendo que havia levado seis meses para escrevê-la”, conta Priscila Melo, jornalista e especialista no autor.
A aclamação no âmbito teatral foi quase imediata: Vestido de Noiva é apenas sua segunda peça. No entanto, atingir o ápice no início da carreira teve seus pontos negativos. De acordo com Berta Waldman, o próprio autor costumava dizer: “Com Vestido de Noiva, conheci o sucesso; com as peças seguintes, perdi-o, para sempre”.
A terceira peça foi Álbum de Família, publicada em 1946. Ela foi encenada cerca de 20 anos depois, por ter sofrido censura. “Sua publicação foi marcada pela reação da crítica que não sabia como se posicionar perante o acumulo de incestos e de relações marcadas pela violência, antagonismo e morte”, conta Paulo Maciel, pesquisador de teoria e história do teatro. “Boa parte da sociedade da época repugnava suas obras literárias, acreditando que estas poderiam instigar as pessoas a terem os mesmos desejos relatados”, completa Priscila Melo.
Censura
Nelson era anticomunista declarado. Usava suas crônicas para debochar da esquerda brasileira e defender o golpe militar de 1964. Apesar disso, foi o autor mais censurado no teatro brasileiro. A acusação era de “representar uma ameaça às famílias, a sua moral e aos bons costumes. Em sua defesa o dramaturgo alegava a burrice dos censores que não percebiam a moralidade de seu ‘teatro desagradável’”, explica Maciel.
Muito além do teatro
Apesar ter sido imortalizado como dramaturgo, Nelson Rodrigues estreou no campo das letras como jornalista, aos 13 anos, no periódico A Manhã, que pertencia a seu pai. Ele teve uma produção significativa em diversos gêneros textuais. “Nelson transitou do jornalismo à crônica, passando pelo conto, pelo teatro, romance, pelas confissões e memórias”, conta Maciel.
Grande parte do estilo do autor vem da época em que foi repórter policial. “Nelson Rodrigues é o único jornalista brasileiro a possuir uma tipologia própria e uma resistência ao ‘novo’ jornalismo objetivo implantado pelos norte-americanos”, afirma Priscila Melo. De acordo com a pesquisadora, Nelson utilizava a subjetividade e até a ficção para relatar um fato. Eram acrescentadas falas no corpo das matérias, sem deixar de usar os elementos referenciais para dar credibilidade à notícia.


Fonte: Jornal do Campus

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