quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Crítica: "Procura-se um amigo para o fim do mundo"


Por Amanda Seraphico (Jornal do Brasil)
Com a direção discreta da estreante Lorene Scafaria, Procura-se um amigo para o fim do mundo é uma comédia dramática que pretende abordar o apocalipse através de um ponto de vista intimista, explorando as reações dos personagens diante da certeza do fim e, assim, revelando seus medos e desejos. Entretanto, muito diferente de Melancolia, de Lars Von Trier, por exemplo, Procura-se um amigo mantêm a todo momento um clima leve e até mesmo doce, apesar de irônico.
No filme, Dodge (Steve Carell) é um vendedor de seguros de Nova York que, imediatamente após a descobrir que um meteoro se chocará com a Terra em apenas três semanas, é abandonado por sua esposa. Enquanto seus amigos, típicos personagens da classe média, aproveitam os últimos dias para se soltar e ousar experiências com drogas e sexo, o melancólico Dodge repensa sua vida amorosa e decide procurar uma antiga namorada. Nesse momento, ele conhece Penny (Keira Knightley), sua vizinha jovem, linda e desatinada, que perdeu o último voo para a Inglaterra e, desse modo, a chance de estar com sua família. Após fugirem de um motim, os dois saem em uma viagem de carro com esperança de conseguirem realizar seus últimos desejos.
Cena de "Procura-se um amigo para o fim do mundo", com Keira Knightley e Steve Carell
Cena de "Procura-se um amigo para o fim do mundo", com Keira Knightley e Steve Carell
A atuação contida de Carell no papel do carinhosamente patético Dodge, que contrasta radicalmente com a histeria das expressões faciais de Keira Knightley, serve bem ao estilo de humor que o roteiro sugere. Scafaria realiza bem como roteirista o desafio a que se propôs: mesclar comédia-romântica, drama e filme-catástrofe. Os estilos se misturam com naturalidade o filme está repleto de detalhes interessantes e ambíguos, como o homem que apara a grama às vésperas do apocalipse.
Porém, o que, mesmo de maneira divertida, poderia ser uma reflexão sobre o condição humana diante de sua extinção, acaba sufocada por um encontro amoroso que pouco convence. O estilo minimalista, que permite que todos acontecimentos sejam apresentados com o mesma suavidade, torna o filme morno demais. Os personagens não se mostram mais interessantes com a proximidade da morte e parecem muito passivos diante das situações que vivem. Desse modo, só resta ao público esperar os inevitáveis fins, do mundo e do filme.
Procura-se um amigo para o fim do mundo pode ser uma opção para quem deseja dar algumas risadas e assistir uma história de amor embalada ao som de Beach Boys, The Hollies, Walker Brothers e outras preciosidades da coleção de discos de Penny enquanto come uma pipoca quentinha, mas certamente decepcionará quem está em busca de fortes emoções.
Cotação: * (Regular)

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