quarta-feira, 18 de abril de 2012

IN MEMORIAM (HOMENAGEM A MEU PAI)



Meu amado pai deixou-me. Partiu desta vida de modo súbito, inesperado, avassalador. Seu desaparecimento nos tomou de surpresa, deixando um rastro de dor e o vazio imenso agora compartilhado por filhos, pela irmã, por parentes e amigos.

Deus o chamou, levou-o para junto de si assim, sem avisar, sem combinar nada com ninguém. A chama da vida que nele pulsava apagou-se como num sopro. Como uma luz que se esvai, num segundo.

Meu velho e inesquecível pai me ensinou (e a minhas irmãs), talvez mesmo sem saber, a amar a vida, a senti-la e a vivê-la com intensidade mesmo nas pequenas coisas, nos gestos mais simples.

Ensinou-nos a respeitar os outros, a sermos humildes, a praticar o bem, a portar-nos dignamente, sem ser humilhado nem humilhar ninguém.

Honrou-me com o legado de princípios e bons valores que me ajudaram a ser o homem que hoje sou.

Viveu sua existência com simplicidade. Era um homem que se comprazia com pequenas coisas. Foi feliz vivendo ao seu modo. Apenas com o suficiente. Nunca quis a riqueza, o luxo, bens materiais. Contentava-se com o que tinha. E assim trilhou todo o seu caminho até o último dia, quando cuidou de fazer tudo o que mais gostava.

Nesse dia (mais triste e cruel dia da minha vida), meu velho conversou com alguns amigos, passeou pelo bairro, cuidou dos pássaros que tanto apreciava, ouviu seus cânticos, realizou tarefas caseiras, reviu suas queridas netinhas, sua irmã de todas as horas, sua esposa, suas duas filhas e lembrou-se, perguntando várias e várias vezes por mim, que estive com ele três dias antes, sem saber que aquele seria então o meu último encontro, minha última conversa sobre as coisas da vida, sobre futebol, sobre a gente... Eu que, infelizmente, por uma trapaça do destino, não pude partilhar com ele um derradeiro contato naquele fatídico dia de sua despedida.

Ó, meu pai, que profunda dor! Que infeliz trama da história essa que me furtou esse teu último aperto de mão, teu último olhar, nossa última tarde. Por que, meu pai?

Com tua morte, morro eu também um pouco. Ao nos deixar, assim tão de repente, nada mais será como antes. Teremos de nos reinventar. Reaprender a caminhar a partir do ponto em que ficamos.

Ainda assim, saudoso amigo, sou grato por tudo. Sou grato por existir. Sou grato pela história que vivemos juntos. Sou grato por cada passo que trilhei ao teu lado, por tudo o que pude contigo aprender. Com teu bom humor, com teu sorriso, com teus conselhos e orientações.

Cumpriste tua missão nesse mundo, meu pai. Sei que sim. Os que te conheceram e te amaram de verdade também o sabem.

Um dia espero poder te encontrar de novo, para dar-te o abraço que faltou e retomar a conversa que deixamos inconclusa. Fique com Deus!


Um comentário:

  1. Mais uma vez o ciclo da vida se completa...Mas ele está vivo através dos ensinamentos aprendidos. "Linda homenagem".

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