domingo, 13 de novembro de 2011

O caráter



*Reinaldo Gonçalves

Apesar de os valores humanos, sociais e culturais variarem e se modificarem, ao correr do tempo e ao sabor de novos critérios, há determinadas virtudes e qualidades que jamais perderão a sua importância.
Dizer-se de uma pessoa que tem caráter e dignidade é definir uma vontade sempre fixada no bem, consciente dos seus deveres, dos seus compromissos e das suas responsabilidades. Nele a palavra assume a força de um juramento, de um contrato, de um documento.
Uma pessoa de caráter não nasce por acaso. Não é resultado de temperamento, não é fruto de uma inclinação natural. É trabalho de uma disciplina interna, de sacrifícios, de atos de renúncia, de exercícios continuados da vontade, da educação dos impulsos instintivos, das tendências.
Não se nega a importância que os fatores hereditários, o ambiente de família, a influência do círculo de relações sociais, podem atuar como motivações e dinâmica catalisadora na formação da personalidade. O caráter, a dignidade é trabalho pessoal, é resultado de nossa auto-educação.
Não é fácil este trabalho porque cada um de nós é um complexo de qualidades negativas e positivas em conflito. A natureza humana é mais inclinada ao comodismo, ao prazer, ao menor esforço, e fugir de tudo que represente sacrifício, sofrimento, dispêndio de energias. Por outra parte, a sociedade com os seus prazeres, as suas insinuações, com todos os recursos de degradação moral, com uma filosofia eminentemente hedonista, torna mais difícil a pessoa equilibrar-se coerente com os seus princípios morais e suas convicções religiosas.
Platão já definia o homem como uma carruagem puxada por dois corcéis indomáveis, cada um tomando rumos diferentes e opostos. O homem sempre viverá neste conflito de tendências, neste clima de luta tremenda, seja pelos impulsos das suas paixões e tendências naturais, seja pela força das pressões externas, do ambiente em que vive e das pessoas com que se relaciona.
É muito fácil ser o caniço que se dobra ao menor sopro do vento. Difícil é ser árvore altaneira que resista à fúria das tempestades e dos vendavais. Estes varões de Plutarco vão rareando em nossos dias. E, radicalizamos, que é uma graça, quando temos a felicidade de encontrar uma pessoa de caráter, porque seu exemplo nos dignifica e nos enriquece humana e moralmente.
*Membro do MFC do Amapá

Fonte: MFC.org.br

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